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(Texto baseado no que vi e vivi)
São cinco anos de estudo sobre essa qualidade ou nome pelo qual é conhecida Osún, pois assim descreveu Verger, porém observo a cada passo que é um orisá a parte. Ela é a união entre a terra(Ogún), água(Osún) e fogo(Oyá), por esse motivo seu culto é tão delicado, assim como seus filhos e filhas, que possuem uma personalidade ímpar e marcante.
Um fato bastante interessante é que Òpará é presente em todos os asés Ketu, porém existe uma grande confusão quanto ao seu nome, o que dificulta nossas pesquisas, alguns dizem Àpárá, outros Opará, já outros Iyápará. Conforme o Dicionário Yorubá – Português – José Beniste, Àpará quer dizer gracejo, sátira, por isso, Òpará (Òpa: Rio próximo a Ifé. Ará: Habitante de um lugar), seria o nome mais adequado e atualmente mais usado.
O Culto de Osún Òpará tem ínicio em Ogún, como companheira do Orisá em suas conquistas, seria ela o seu lado feminino, seu equilíbrio, assim como Oyá é para Sangò. Seguindo, encontramos seus fundamentos sempre associados a Iyámí e finalizando, com sua “junção” com Oyá, mais especificamente, Oníra, porém noto durante esses anos que há um caminho rico entre uma itán (lenda) e outra, o que deixa o culto à Òpará ainda mais intrigante, como sua aproximação com Osún Ypondá, a senhora da estratégia, os antigos dizem que são primas e dividem as águas de correnteza forte, seria Òpará a força gerada pela água e Ypondá aquela que direciona o rio em busca do seu objeto, que é encontrar o mar, contornando os obstáculos e nunca se deixando represar nem ser controlado.
Uma lenda pouco conhecida e que ouvi há alguns anos, quando questionava um fundamento que vi nos segredos de Òpará, é sua ligação com Omolu. Diz uma itán que Ogún toda vez que vinha de uma guerra, chegava com cortes pelo corpo e era Òpará que cuidava dos machucados, porém, mal se curava, logo estava o guerreiro envolvido em outra conquista. Òpará preocupada com seu par, decidiu ir até Omolu e lhe pedir um conselho, uma receita para curar rapidamente as marcas de Ogún, então o senhor da terra lhe deu uma agulha encantada que tinha o poder incrível de cicatrização e no momento que ela a tocou, a agulha se tornou dourada como o ouro e assim a guerreira a guardou e sempre que precisou usou seu mistério, sendo eternamente grata a Omolu, por isso dizem que ela não tem “quizila” com esse Orisá.
O amor e a guerra fazem parte da vida dos filhos desse Orisá, são fortes, determinados e capazes de tudo para defender quem amam e o que amam, porém muitas vezes se encantam pela guerra e fazem dela sua vida, com um hábito e mesmo nos momentos de paz, ainda sim procuram um desafio, por isso digo, aos omó-Òpara, sigam o coração sem perder a razão, busquem resgatar o amor por vocês mesmos, se valorizem e não deixem que as marcas do passado lhes impeçam de encontrar a felicidade, não se deixem “represar” na angustia e na solidão, tenham fé nessa mãe linda e cheia de encanto.
Que Iyá Òpara seja sempre viva dentro de cada um de vocês e de todo coração, obrigado pelo carinho.
Muito asé,
Babá Diego de Odé
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