segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Relacionamento x Vida Espiritual


-->
Relacionamento x Vida Espiritual Sempre que falamos de amor é complicado, esse é um assunto que temos que analisar caso a caso não é mesmo? Mas existem situações que são comuns e é sobre elas que vou falar sobre.

Eu sou do candomblé e ele(a) não é

Vivemos em um país que tem uma diversidade cultural, étnica e religiosa muito grande, então isso não é difícil de acontecer. Porém tem que existir respeito mutuo, e você tem que saber que ele ou ela, tem que aceitar você como um todo e não apenas as partes que onde não há desafio. Sua fé é sua fé, ninguém vai substituir, e quando o outro começa já não esta aceitando isso nem aquilo, fuja, afinal não á barreiras para o amor.

Quais são os prós e os contras de namorar alguém que não é do candomblé?

Prós: Ele (a) terá a oportunidade de conhecer uma nova crença, de desmistificar essa história  de que o candomblé é coisa do diabo, pode até mesmo desenvolver simpatia pela casa de santo e um dia ser iniciado.

Contras: A pessoa pode não entender o período de resguardo. O ciúmes também pode ocorrer, e para que isso não haja, leve a mesma a conhecer o ambiente em que você convive e não tenha vergonha, afinal é sua religião.


Somos ambos da mesma casa de candomblé!

Existem algumas casas que não permitem namoro entre irmãos de santo, mas será que existe proibições para o amor? Será que podemos colocar cabresto até no coração? Não, não podemos, afinal esses são sentimentos que surgem. Por isso tenha uma postura digna, antes de qualquer coisa, sente como o seu zelador (a) e converse, peça conselho, e tenha um relacionamento saudável dentro da casa de santo.  

Como enfrentar juntos o tempo de resguardo?

Primeiro encare isso como uma prova de amor. Eu tenho alguns casos para citar, o do meu pai carnal por exemplo, ele não é do orixá, mas sempre respeitou a minha mãe e ele dizia : "Eu sei que é o melhor para ela, e também é um período muito pequeno, tendo em vista, a vida toda que estarei ao lado dela"...Pois é lindo. O amor é assim, então sente com seu parceiro e converse muito bem antes, afinal isso não vai durar a vida inteira. E crie alternativas, por exemplo: Façam as refeições em casal e conversem sobre o dia dos dois. Não vai ser a ausência da relação sexual que ira distanciar aqueles que querem uma relação sólida. Mas dê atenção a ele (a), não da maneira convencional, mas refletindo a mais pura forma de amor, que é a amizade.

Paixão pelo zelador (a)

Como estava falando acima, no coração ninguém manda, e por isso o tempo de abiyan é importante, ele vai de seis meses a um ano, e serve para isso mesmo, para ver a sua adaptação, se é ele ou ela, que vai ser o seu bàbálorisá mesmo, e caso algum sentimento surja, e como eu sempre digo: converse. Mas não se inicie com alguém que você mantém uma paixão ou amor, mesmo que for platónico, afinal você sofrerá todos os dias o fato de não poder tê-lo (a).  Me apoio na lenda (itan) diz que o primeiro filho de Yemonjá, manteve por ela um amor carnal e a mãe teria o repudiado. Portanto entendemos que o incesto não é bem visto na maioria das casas de candomblé. Sabemos o respeito pode ficar comprometido, pois você já não enxerga ele (a) como pai, como sua ligação com o orisá, e sim como homem ou mulher (HxH, MxM).

Somos da mesma casa e o relacionamento acabou. E agora?

Um dos dilemas mais difíceis da vida de alguém do candomblé, o  relacionamento acabou e somos da mesma casa, como enfrentar isso? Sendo adulto! Quando você se relacionou como seu irmão de asé já sabia que todo relacionamento, está sujeito a acabar, por isso não misture as coisas. Continue indo nos dias de obrigação e festividades, fazendo a sua parte. Não é incomum os relacionamentos acabarem em briga, e realmente fica dificil a convivência no terreiro. Mas toda raiva passa, você vai seguir sua vida e ele (a) também. As coisas aos poucos vão sendo colocadas no lugar. Portanto: O Orixá não tem nada a haver com isso! Eu acho que daí vem a questão de tantos zeladores, proibirem relacionamento dentro da casa de santo, no final é difícil existir respeito e disciplina.

Meu Zelador (a) se intromete na minha vida conjugal!

É, em pleno século 21 ainda acontece muito, como disse acima, o candomblé é uma religião familiar, então com o passar dos anos acabamos procurando nossos zeladores para se abrir em relação a assuntos do coração, mas isso não dá o direito a eles ditarem decisões, fazendo intriguinhas e fofocas, sobre aquilo que falamos em caráter de segredo. Como é chato falar algo com o zelador e todo mundo ficar sabendo, não é mesmo? E gente isso acontece, escuto tantos casos, por isso, deixe as coisas claras com seus zeladores:  “Pai estou confiando no senhor então não gostaria que isso saísse daqui, nem mesmo aos cargos”. E esteja aberto a ouvir, ele não quer seu mal.

Bàbá Diego de Odé
terradosorixas.blogspot.com.br
#amor #fé #candomblé #orixá #babadiegodeode #axé #terradosorixas #ketu #relacionamento #yawo #abian



domingo, 30 de junho de 2019

Orientação - Boas Energias

Boas Energias
(Dia 01 de julho de 2019)


Essa será uma semana respectivamente ligada aos Orixás Ibejí e a Ògún. Sendo assim nesta segunda-feira, aproveite para colocar tudo em ordem. Já na terça-feira teremos uma lua nova, que fortalece ainda mais decisões no trabalho e na rotina pessoal.
Será um bom momento no amor para inicio de relacionamentos, porém aos casais que já estão ha muito tempo juntos essa força trará forte reflexão, sendo uma semana propicia para aqueles que desejam ter filhos.
Para o trabalho, os ânimos se aquecem, porém muito cuidado ao tomar decisões precipitadas, como por exemplo trocar o certo pelo duvidoso, não é o momento.
Na saúde, os órgãos ligados a água, como rim e intestino podem ser prejudicamos por essa mudança energética da terça-feira, por isso, muito cuidado.
Uma frase que pode definir essa semana é:
"O tempo não te oferece a oportunidade de voltar, mas a vida e a fé nos agracia todos os dias com o amanhecer, onde você pode sim, ser e tornar tudo em torno de si melhor".
Boa semana!
Bàbá Diego de Odé
(11) 2824-1641


#terradosorixas #candomble #ketu #babadiego #orientaçao #boasenergias

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O Candomblé e a identidade de gênero



Ao longo da história muito foi falado a respeito da transgeneralidade no mundo. Em variadas mitologias, muitos seres são de origem dual.  Fato é, que entre a realidade social histórica e as lendas que enriquecem livros e filmes, tal assunto envolve muita polêmica por ter sido construído em cima de ideais cristianizadas e difundidas como pecado pela Igreja Católica.

A intenção deste texto não é falar sobre as questões de gênero perante o cenário da história, mas quebrar de uma vez por todas o preconceito dentro do Candomblé. Nossa religião é uma das pioneiras a falar abertamente a respeito disso, assim como a aceitar homossexuais pois, não existe e nunca existiu nenhum impedimento quanto a isso nos dogmas da religião. Porém em relação as pessoas transgênero, foi e é um grande tabu em todas as casas de santo.

A ciência social demorou muito tempo para desassociar as questões de gênero da medicina e da religião. Na idade média, a Igreja Católica não permitia de forma alguma a ideia de mudança de gênero; ou eram presos por inadequações vestuárias, ou eram mortos se o orgulho dissesse sim na pergunta sobre quem se era. Na década de 40, um oceano de pessoas trans foi evaporado pelo movimento autocrático e opressor nazista. E num passado muito recente, na primeira metade da década de 90, pessoas transgênero eram tratadas aos montes em clinicas psiquiátricas sendo diagnosticadas com transtornos psicologicos (vale ressaltar que essas nomenclaturas não existem mais). Além de não serem compreendidos, tinham a medicina contra toda a questão do “ser”, e assim eram enquadradas no CID 10 – F64, como doença psiquiátrica. Hoje, esse cenário está se modificando porém, ainda são necessários atendimentos às demandas especificas de saúde da população trans, bem como com respeito ao nome social.

Gênero e Sexualidade são coisas completamente diferentes, e é por esse motivo que preciso dizer que em um futuro muito próximo, o Candomblé vai fazer toda a tratativa de pessoas transgênero. Nossa religião só sobreviveu pela resistência, durante muito tempo precisamos ser secretos e discretos. O Candomblé é amor, e mais uma vez está se alinhando com as questões sociais. E o trabalho é para que todas as minorias ganhem voz e cada vez mais, ganham espaço no cenário de progresso e responsabilidade social.

Os abás (anciões) passaram por suas lutas familiares, sociais e de independência, e é devido a isso que temos tanta liberdade de expressão e de pensamento, como nunca nenhuma sociedade teve antes. A partir de agora, a nossa geração, precisa entender o que foi esse processo, captar recursos e usar ferramentas capazes de lapidar um futuro, baseados em amor ao próximo, na percepção de quem realmente somos, e unir forças para lutar pelas novas demandas que surgirão. Assim, vamos em direção à nossa sobrevivência, ser parte de um Todo.

Todas as pessoas passam por suas mazelas porém, ser parte de algum tipo de minoria traz um sentimento de segregação e, muitas vezes o maior problema  está em como todos os processos de vivências sociais acontecem. 

Perante isso, o essencial é fazer acontecer uma corrente que seja conectiva a todos nós do Candomblé. Sabemos que há questões muito pessoais de cada um, e não cabe a ninguém julgar como certo ou errado. Cabe apenas respeito e irmandade a fim de excluir os excessos, nos polir em habilidades interpessoais e reforçar o intuito fraterno, que é: verticalizar construções às virtudes, e cavar covas aos preconceitos e discriminações, fazendo evoluir o pensamento dos nossos adeptos e estreitando os laços espirituais que existem entre nós.

Eu nunca vi um Orixá negar um abraço e isso basta, e nós nos achando no direito de dizer ao outro quem ele é.

Bàbá Diego de Odé
Ilè Asé Ègbé L’ajò Ògún Èrèguedè
terradosorixas@hotmail.com

#candomble #ketu #egbelajo #terradosorixas #babadiego #transgeneridade #babadiegoode 

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...