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Relacionamento
x Vida Espiritual Sempre que falamos de amor é complicado, esse é
um assunto que temos que analisar caso a caso não é mesmo? Mas existem situações
que são comuns e é sobre elas que vou falar sobre.
Eu sou do candomblé e ele(a) não é
Vivemos em um país que tem uma
diversidade cultural, étnica e religiosa muito grande, então isso não é difícil de acontecer. Porém tem que existir
respeito mutuo, e você tem que saber que ele ou ela, tem que aceitar você como um todo e não apenas as partes que
onde não há desafio. Sua fé é sua fé, ninguém vai substituir, e quando o outro
começa já não esta aceitando isso nem aquilo, fuja, afinal não á barreiras para o
amor.
Quais são os prós e os contras de namorar alguém que
não é do candomblé?
Prós: Ele
(a) terá a oportunidade de conhecer uma nova crença, de desmistificar essa
história de que o candomblé é coisa do diabo, pode até mesmo desenvolver
simpatia pela casa de santo e um dia ser iniciado.
Contras: A
pessoa pode não entender o período de resguardo. O ciúmes também pode ocorrer,
e para que isso não haja, leve a mesma a conhecer o ambiente em que você convive e não tenha vergonha, afinal é sua religião.
Somos ambos da mesma casa de candomblé!
Existem algumas casas que não permitem
namoro entre irmãos de santo, mas será que existe proibições para o
amor? Será que podemos colocar cabresto até no coração?
Não, não podemos, afinal esses são sentimentos que surgem. Por isso tenha uma
postura digna, antes de qualquer coisa, sente como o seu zelador (a) e
converse, peça conselho, e tenha um relacionamento saudável dentro da casa de
santo.
Como enfrentar juntos o tempo de resguardo?
Primeiro encare isso como
uma prova de amor. Eu tenho alguns casos para citar, o do meu pai carnal por
exemplo, ele não é do orixá, mas sempre respeitou a minha mãe e ele dizia : "Eu sei que é o melhor para ela, e também é um período muito
pequeno, tendo em vista, a vida toda que estarei ao lado dela"...Pois
é lindo. O amor é assim, então sente com seu parceiro e converse muito bem
antes, afinal isso não vai durar a vida inteira. E crie alternativas, por
exemplo: Façam as refeições em casal e conversem sobre o dia dos dois. Não vai ser a ausência da relação sexual que ira distanciar aqueles que querem uma relação sólida. Mas
dê atenção a ele (a), não da maneira convencional, mas refletindo a mais pura
forma de amor, que é a amizade.
Paixão pelo zelador (a)
Como estava falando
acima, no coração ninguém manda, e por isso o tempo de abiyan é importante, ele vai de seis
meses a um ano, e serve para isso mesmo, para ver a sua adaptação, se é ele ou
ela, que vai ser o seu bàbálorisá mesmo, e caso algum sentimento surja, e como
eu sempre digo: converse. Mas
não se inicie com alguém que você mantém uma paixão ou amor, mesmo que for
platónico, afinal você sofrerá todos os dias o fato de não poder tê-lo (a).
Me apoio na lenda (itan) diz que o primeiro filho de Yemonjá, manteve por ela
um amor carnal e a mãe teria o repudiado. Portanto entendemos que o incesto não
é bem visto na maioria das casas de candomblé. Sabemos o respeito pode ficar
comprometido, pois você já não enxerga ele (a) como pai, como sua ligação com o
orisá, e sim como homem ou mulher (HxH, MxM).
Somos da mesma casa e o relacionamento acabou. E
agora?
Um dos dilemas mais difíceis da vida de
alguém do candomblé, o relacionamento
acabou e somos da mesma casa, como enfrentar isso? Sendo
adulto! Quando você se relacionou como seu irmão de asé já sabia que todo
relacionamento, está sujeito a acabar, por isso não misture as coisas. Continue
indo nos dias de obrigação e festividades, fazendo a sua parte. Não
é incomum os relacionamentos acabarem em briga, e realmente fica dificil a convivência no terreiro. Mas
toda raiva passa, você vai seguir sua vida e ele (a) também. As coisas aos
poucos vão sendo colocadas no lugar. Portanto: O Orixá não tem nada a haver com isso! Eu acho que
daí vem a questão de tantos zeladores, proibirem relacionamento dentro da casa
de santo, no final é difícil existir respeito e disciplina.
Meu Zelador (a) se intromete na minha vida conjugal!
É, em pleno século 21 ainda
acontece muito, como disse acima, o candomblé é uma religião familiar, então
com o passar dos anos acabamos procurando nossos zeladores para se abrir em
relação a assuntos do coração, mas isso
não dá o direito a eles ditarem decisões, fazendo
intriguinhas e fofocas, sobre
aquilo que falamos em caráter de segredo.
Como é chato falar algo com o zelador e todo mundo ficar sabendo, não é mesmo?
E gente isso acontece, escuto tantos casos, por isso, deixe as coisas claras
com seus zeladores: “Pai estou confiando no senhor
então não gostaria que isso saísse daqui, nem mesmo aos cargos”. E
esteja aberto a ouvir, ele não quer seu mal.
Bàbá Diego de Odé
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