Ao longo da história muito foi falado a respeito da transgeneralidade no mundo. Em variadas mitologias,
muitos seres são de origem dual. Fato
é, que entre a realidade social histórica e as lendas que enriquecem livros e
filmes, tal assunto envolve muita polêmica por ter sido construído em cima de
ideais cristianizadas e difundidas como pecado pela Igreja Católica.
A intenção deste texto não é falar sobre as questões de gênero perante o cenário da história, mas quebrar de uma vez por todas o preconceito dentro do Candomblé. Nossa religião é uma das pioneiras a falar abertamente a respeito disso, assim como a aceitar homossexuais pois, não existe e nunca existiu nenhum impedimento quanto a isso nos dogmas da religião. Porém em relação as pessoas transgênero, foi e é um grande tabu
em todas as casas de santo.
A ciência social demorou muito tempo para desassociar as questões
de gênero da medicina e da religião. Na idade média, a Igreja Católica não
permitia de forma alguma a ideia de mudança de gênero; ou eram presos por inadequações
vestuárias, ou eram mortos se o orgulho dissesse sim na pergunta sobre quem se
era. Na década de 40, um oceano de pessoas trans foi evaporado pelo movimento autocrático
e opressor nazista. E num passado muito recente, na primeira metade da década de
90, pessoas transgênero eram tratadas aos montes em clinicas psiquiátricas sendo diagnosticadas
com transtornos psicologicos (vale ressaltar que essas nomenclaturas não existem
mais). Além de não serem compreendidos, tinham a medicina contra toda a questão
do “ser”, e assim eram enquadradas no CID 10 – F64, como doença psiquiátrica.
Hoje, esse cenário está se modificando porém, ainda são necessários atendimentos às
demandas especificas de saúde da população trans, bem como com respeito ao nome social.
Gênero e Sexualidade são coisas completamente diferentes, e é
por esse motivo que preciso dizer que em um futuro muito próximo, o Candomblé vai
fazer toda a tratativa de pessoas transgênero. Nossa religião só sobreviveu pela resistência, durante muito
tempo precisamos ser secretos e discretos. O Candomblé é
amor, e mais uma vez está se alinhando com as questões sociais. E o trabalho é
para que todas as minorias ganhem voz e cada vez mais, ganham espaço no cenário de
progresso e responsabilidade social.
Os abás (anciões) passaram por suas lutas familiares, sociais e de independência, e é devido a isso que temos tanta liberdade de expressão e de pensamento, como nunca nenhuma sociedade teve antes. A partir de agora, a nossa geração, precisa entender o que foi esse processo, captar recursos e usar ferramentas capazes de lapidar um futuro, baseados em amor ao próximo, na percepção de quem realmente somos, e unir forças para lutar pelas novas demandas que surgirão. Assim, vamos em direção à nossa sobrevivência, ser parte de um Todo.
Todas as pessoas
passam por suas mazelas porém, ser parte de algum tipo de
minoria traz um sentimento de segregação e, muitas vezes o maior problema está
em como todos os processos de vivências sociais
acontecem.
Perante isso, o essencial é fazer acontecer uma corrente que seja conectiva a todos nós do Candomblé. Sabemos que há questões muito pessoais de cada um, e não cabe a ninguém julgar como certo ou errado. Cabe apenas respeito e irmandade a fim de excluir os excessos, nos polir em habilidades interpessoais e reforçar o intuito fraterno, que é: verticalizar construções às virtudes, e cavar covas aos preconceitos e discriminações, fazendo evoluir o pensamento dos nossos adeptos e estreitando os laços espirituais que existem entre nós.
Eu nunca vi um Orixá negar um abraço e isso basta, e nós nos achando no direito de dizer ao outro quem ele é.
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