sábado, 15 de dezembro de 2012

Ser Zelador de Orixá



A cada dia que passa, entendo mais a frase que os antigos diziam, “A vida de pai de santo não é fácil”. Cresci ouvindo que é uma vida de dedicação e ingratidão, de chegadas e partidas. Estou à frente do Ègbé L’ajò há sete anos, vivenciando o outro lado e hoje eu digo, como ser filho de santo é bom, chegar à casa de santo, fazer sua função e pronto.
Nós zeladores de Orisá, não cuidamos apenas do "santo", cuidamos das almas de seus filhos. Nosso juramento diz que devemos cuidar dos Omo-orisá´s como fossem nossos próprios filhos, enxugar as lágrimas quando necessário, sorrir junto, vibrar com cada vitória, assim como muitas vezes dá aquele “puxão” de orelha.
Lidamos diariamente com o mais profundo do complicado "existir", com a natureza bruta que mora dentro de casa um, somos ouvintes e ao mesmo tempo defensores do invisível. Nessa minha trajetória aprendi lições preciosas e a mais importante é que ensinar a Fé é praticamente impossível, o máximo que podemos fazer é direciona-la e isso se torna ainda mais complicado quanto não temos uma bíblia ou qualquer outro meio nos endosse. Candomblé é aprendido de maneira oral, passado do mais velho para o mais novo, em nossa religião o saber mora em um olhar, uma ação, cada “pintinha” branca em um iyáwò representa milênios de tradição.
Como filho de asé, assumo que muitas vezes esquecemos que nosso pai ou mãe, é divino em sua humanidade, que tem problemas como todo mundo, ri, chora, age sem pensar, mais que não pensou duas vezes em abrir sua casa para nós, sem saber de onde viemos e mesmo muitas não conhecendo todo o nosso passado, ainda sim confiou que poderíamos fazer diferente e esse voto de confiança, no mundo de hoje, é raro.
Assumir o papel de um bàbálorisá é algo muito sério, pois somos representantes do Orún, cada ato é assistido por nossos ancestrais e acima de tudo não podemos esquecer que mesmo mais próximos do Orisá, ainda sim somos meros servos.
Texto: terradosorixas.blogspot.com.br
Texto de 2014
Bàbá Diego de Odé
11 4141-0167

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Olubajé - Egbé L'ajô - Setembro/2012


Salve, salve leitores do Terra, estou muito feliz pelo Olubajé que aconteceu no Egbé L’ajô, no último sábado, 22 de setembro de 2012. Foram duas semanas de função intensa, muito trabalho, para esse que foi o 1º de nossa casa de axé, pois como eu disse no início do xirê, tínhamos Omolu na casa, contudo não havia sido nenhum filho iniciado, mas com fé e apoio dos amigos e filhos, fizemos um lindo evento.

Estiveram presentes vários babá e yás, que com muita fé e amor ao Orixá, cantaram e louvaram o rei Omolu.

Um pouco da função
Desde 10 de setembro, estávamos em função, e a cada dia Omolu foi mostrando sua força, nesse mesmo dia, vieram a minha porta dois homens morenos pedir comigo, vestidos de preto e vermelho, disseram que moravam na rua e só queriam comida, me arrepia até de escrever. Entre esses dias, muita correria, muitas coisas a resolver, nossa...Tivemos que ter muita força e fé, nosso amor, foi testado e retestado, lutamos com muita garra, os filhos do Egbé L’ajô, demonstraram que estão para ficar.
E para nos presentear, Pai Oxumarê nos mandou um lindo arco-íris cruzou o céu, sete dia após as suas obrigações.

Filhos
Em casa moram cinco Omolu, Egbomi Liduina, Sônia, Regis, Ricardo (megi de Ogum com Omolu) e Mara, filha do nosso querido Rô de Oxalá, que comemorou sua obrigação de 1 ano. Prestativos, alegres e comprometidos, esses filhos são exemplo de dedicação, participaram de todos os atos, com muito carinho. Parabéns e muito axé a todos!
Xirê

Sabejé

Omolu da Egbomi Liduína

Omolu da Yawò Mara (Ajodun de 1 ano)

Omolu do Yawò Régis

Lindo Orixá, Oluaê de Sônia

Oxumarê de Ulisses

Oyá da querida Adriana

Yá Rose de Oxum








quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Porque eu devo usar branco na sexta feira?

O branco de toda sexta-feira
A cor branca no candomblé é marcante, ela representa a paz, a mudança e principalmente o fato dela significar eternidade, afinal para o Orisá somos eternos, a alma nunca morre, apenas se transforma. É verdade que na África, muitas tribos não mantêm a tradição do branco aos iniciados e que o calendário também é diferente, por isso o branco também se torna um símbolo de resistência, pois assim foi com o sincretismo e a adaptação do calendário yorubá para o gregoriano.
A nossa espiritualidade deve ser expressa, através da nossa fé, dos nossos pensamentos e das nossas atitudes. Muitas pessoas me perguntam: Mas se eu trabalhar uniformizado, e for roupa escura, o que eu faço? Simples, cubra seu "asé" principal, o coração de branco, coloque por baixo da roupa uma regata branca, o Orisá certamente verá seu ato e se alegrará.
Uma ótima semana!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Igbá - Assentamento de Orixá



A palavra Igbá quer dizer cabaça, e hoje, dentro do nosso culto também chamado de assentamento, lugar onde é guardado o orò (segredo) do nosso Orixá, e tem toda uma simbologia para o povo de santo, para entendermos essa associação entre cabaça e assentamento, devemos lembrar que na África as cabaças são usadas para assentar o Orixá, e por conta das adaptações, acabamos por utilizar utensílios de louça e barro, por sua durabilidade.
E vamos ver algumas questões que o envolve:

O Igbá é meu ou do Orixá?
O assentamento é a sua ligação com o Orixá, ele guarda as coisas do seu fundamento, do seu axé, ou seja, é dos dois, mas a responsabilidade de zelar e cuidar é inteiramente sua, assim como trocar a água da sua quartinha, e arriar comidas secas, a aliança com seu santo, não se faz apenas de fazer o santo, mas de sua atenção e cuidado com ele e as coisas que são consagradas.

Se eu sair da casa, meu igbá é devolvido?
Cada casa tem seu costume, no Egbé L’ajô tomamos a seguinte postura, e o yawò é avisado antes de fazer santo, e dentro de um ano ele não aparecer ou justificar a ausência, desmontamos o igbá, e os oros do orixá (segredos), são guardados dentro do assentamento do Orixá da casa, e a louça é embrulhada e devidamente resguardada. Antes disso o filho de santo é alertado três vezes. Acho que na vida tudo é questão de bom senso, por ambos, Pai, que tem a responsabilidade de zelar pelo Orixá e o filho, que se comprometeu com o axé e com seu Orixá.

Quanto igbás nós temos?
Existem três tipos de Igbá, o Igbá Orixá, Igbá Ory e o Igbá Odú.
O Igbá Ory: É onde a “sua cabeça” come, não são todos os axés que o montam, como assentamento fixo.
O Igbá Orixá: É onde somos iniciados, nossa ligação, e Ifá determina se será um dois ou mais Orixás assentados.
O Igbá Odú: Dentro da nação ketu, atualmente, muitas casas tem o igbá odú assentado, seja Obará, Oxê ou outros, essa é uma tradição do culto a Ifá, e deve-se tomar cuidado ao assentar essas energias, pois são forças do destino e os fundamentos diferem do culto a Orixá.

Em caso de morte, o que fazem o igbá?
Isso é determinado por Ifá, durante os ritos do axexê, já ouvi pessoas dizer que não se pode ficar com igbá de quem já morreu em casa, para mim isso é um grande mito, pois se o culto ao Orixá é ancestral, porque temos que despachar, se o Orixá continuará sendo cultuado? Eu acredito que essa escolha é do Orixá, se quer ou não continuar na casa.
Para concluir essa matéria, gostaria de fazer um adendo:

Hoje a frase que mais ouvimos é os yawòs quando saem da casa de santo dizer desrespeitosamente: “O santo tá na minha cabeça, e não em pratos...”, concordo, mas se o igbá não é importante, porque o faríamos? Esse é um assunto que não é muito discutido, pois os antigos nem falavam sobre isso, você nascia e morria na mesma casa de axé. Hoje tudo é muito rápido, faz santo e em menos de um ano já saem da casa, sem ao menos compreender o que é Orixá, ou então, não conseguem ter uma postura que condiz com o axé, por isso eu digo, antes de iniciar, ou mudar de axé, tenha uma conversa franca com seu zelador, deixe essas questões claras, para que posteriormente não ocorra nenhum problema.

Um grande abraço e até a próxima!

domingo, 27 de maio de 2012

Obrigação da Ekedi Madalena de Oyá


Salve, salve!

Uma boa noite caros leitores, essa foi uma semana super especial, muitas coisas aconteceram e uma delas foi a obrigação da Ekedi Madalena de Oyá, que tem mais de 30 anos que conhece nossa casa,  filha da Yá Rosa de Oyá, que foi iniciada pela Yá Minervina de Ogum. O xirê teve inicio às 17h de hoje (27/05/2012) e tivemos a honra de receber André de Oxaguiã, Mãe Nair de Oxum e Babá Hélio de Oxaguiã. Esse foi um pequeno evento para comemorar e não deixar uma data tão importante em branco, eu e a Yá Rose de Oxum em nome do Ilê Asé Egbé L’ajô desejamos a você, Ekedi Madalena de Oyá muita saúde, paz e prosperidade!

Oxum do André e Yá Rose de Oxum

Mãe Liduina de Omolu e Ekedi Madalena de Oyá 

Xirê

Oyá do Clézio e Oyá da Fernanda

Oyá da Fernanda

Oyá de Clézio

Oyá da Cida de Oyá


Adupé a todos filhos e amigos que me ajudaram e dia 01 de junho começa a função de yawò, mais uma vez conto com a presença de todos!

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...