Vejo que quando o assunto é o que se deve ou não usar de
roupas e adornos em nossos rituais, as opiniões são bem divididas, há quem
defenda que se deve usar muito brilho, paetês e pedrarias, já outros dizem que
o Orixá é simplicidade e que precisamos seguir os “moldes africanos”. Eu sigo
do principio que devemos oferecer sempre o melhor ao nosso Orixá, e quando digo
melhor, não quero dizer maior ou mais escandaloso, pois acredito que como todas
as religiões, devemos nos ajustar ao tempo e ao espaço em que vivemos, não foi
isso que os nossos antepassados fizeram quando vieram da África?
Entretanto, há de se ter bom senso, existe uma liturgia e costumes ancestrais, que
nos guiam e que devem ser consideradas na hora de se vestir ou adornar seu
Orixá, para não o colocar em ridículo e carnavalizar nossa crença, correndo o
risco de descaracterizar os nossos dogmas. Mas voltando ao ponto do “moldes
africanos” ou movimento de “reafricanização”, como alguns preferem chamar, fico
pensando, se somos uma união de tribos africanas, qual devemos seguir ou nos
basear? Se somos de nação Ketu, seria então os povos iorubas, mas sabendo que
esses povo sofreu intensa influência muçulmana, não estaríamos mais uma vez
reféns de outra doutrina, a exemplo da já “superado” sincretismo católico que
tanto marcou o candomblé?.
É importante pensar primeiramente na situação financeira
desse omo-Orixá, pois muitos deixam de comer para ostentar, comprando roupas
luxuosas que não são condizentes com sua vida, concordo que deve existir um
padrão a ser seguido, afinal seguimos uma doutrina, mas não podemos deixar os
filhos dos Orixás serem massacrados pelo consumismo exacerbado que invade a
nossa religião, pois se pano fosse sinônimo de axé, procuraríamos um dono de
confecção e não um babálorixá para nos cuidarmos.
Pensem nisso e lembrem-se que a Fé está em nossas vidas para nos guiar e nos
proteger.