quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Nós zeladores de Orixá, também erramos!

O papel que um Zelador de Orixá assume perante a sociedade é de orientador e a nossa responsabilidade é ajudar os omo-Orixás a evoluírem espiritualmente e é claro que isso irá refletir em todos os outros campos da vida. Para tratar desse assunto, vou expor a minha opinião e a minha experiência dentro do culto à Orixá.
Nós zeladores também erramos! Esse é um ponto que deve ficar claro, como bons terrestres corremos o risco de deixar algo passar, de não conseguir interpretar a vontade do divino ou de sermos omissos a vontade do orún (céu), porém mesmo sabendo disso, precisamos estar atentos o tempo todo e nos policiar, pois é a vida de uma pessoa que está em nossas mãos. Então, Pai de Santo pode ter a vida que quiser? NÃO! Somos exemplos para nossos filhos e para nossa família de axé, se divertir socialmente não faz mal a ninguém, mas se já é difícil liderar uma casa de santo tendo uma vida regrada, imagina vivendo uma “vida louca”?
Eu mesmo posso dizer que muitas vezes fui injusto, pela vaidade de apenas ver um lado da situação ou por medo da ingratidão, ao primeiro sinal da mesma, já virei as costas para amigos e filhos, contudo na vida, vamos aprendendo e não só com os nossos erros, como os dos nossos pais. Essa politica do líder está sempre certo é passado, pois vivemos em uma comunidade onde cada um tem seu papel e consequentemente uma opinião, essa que pode ser de grande valia. Vale também destacar a questão da “atenção”, ou seja, você faz seu santo e recebe a maior atenção, depois nem atender você o zelador pode, um erro muito comum, isso porque nós zeladores achamos que já fizemos a nossa parte, agora o filho que caminhe com as próprias pernas, mas me digam, como um iyáwò que nasceu agora pode andar com as próprias pernas e encontrar sozinho as respostas para o tanto de questões que surgem no período de aprendizado no candomblé?
São essas e tantas outras coisas que podem causar os “erros espirituais”, pois vejo que na maioria dos problemas que surgem, não é o fundamento religioso que falta e sim a atenção e respeito à divindade e principalmente ao ory daquele filho, e aos irmãos zeladores que estão lendo esse texto, eu lhes digo, não é feio admitir um erro, você não estará se rebaixando, quem conhece axé sabe, que somos eternos aprendizes e reconhecer os pontos onde falhamos, nos ajuda e muito a sermos melhores amanhã e cumprimos de maneira plena esse eledá tão especial que é ser babálorixá.
Uma grande abraço e gostaria de ressaltar que esse texto é voltado aos puros de coração que entraram no Orixá por amor e se decepcionaram, pessoas que passaram uma vida toda seguindo babálorixás que só se faziam presentes para exigir, mas que pouco ensinava ou pouco prestava atenção. Vocês podem ter certeza, o Orixá está foi testemunha de tudo e cobrará cada lágrima que você derramou e com certeza, vai entender o fato de você procurar uma outra direção.
Muito axé e até mais!

Um comentário:

Anônimo disse...

Apesar de tempo de postagem achei imprescindível não contra pôr esse argumento e dar um salve, pela boa escrita pela sensatez e a honestidade expressa em suas palavras, haverá sempre um momento falho de todos os lados sejam zeladores yawôs ou mesmo os que simpatizam com a religião o que torna nobre um ato ou mesmo o que o tira o peso da culpa e da soberba é o reconhecimento primeiro perante ao próprio orixá do seu particular erro, pessoal de dentro pra fora sem taxação, acho fundamental que se trabalhe a ideia de que orixá não é punitivo a ponto de bater e ponto este saberá sim diferenciar atitudes e corações pois bem as amigos de axé irmãos e por esse texto gracioso que acabei de ver deixo também meu abraço fraterno aos que optaram por novos caminhos sem deixar "para trás" seu orixá e a fé! Boa tarde!
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 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...