terça-feira, 31 de março de 2015

Entidades de Umbanda x Candomblé

Uma dúvida muito frequente entre os noviços que começaram sua história espiritual na Umbanda, é se quando se iniciarem no Candomblé as entidades que entravam em transe, irão ou não desaparecer e então surgem aquela história de “Ketu Puro”, “se mistura é Umbandomblé” e por aí segue. Abaixo vou descrever a minha opinião sobre o assunto, pois assim é, cada casa de axé terá a sua visão e doutrina, ao que se refere a esse assunto tão delicado, mais importantíssimo.

O brasileiro tem um espiritualidade diferente de todos os outros povos e isso se deve a mistura de povos, somos um pouco negro, um pouco branco, um pouco indígena e herdeiros de tudo isso e vejo que muitos filhos de Orixá sofrem com isso. Eu fui criado em uma casa onde se cultuava Candomblé e Jurema, não juntos, cada um com seu culto separado e em dias separados, cada qual respeitando seus limites e mesmo assim eu nunca tive transe de caboclo, mestre ou outra entidade, até que um dia, aos dezenove anos,  chegou na minha vida o Exú Sete Facadas, digo chegou, pois ele não “desenvolvido”, simplesmente tomou meu corpo e acredito que Oxossi como meu pai, tenha permitido por ele não ser uma entidade nociva. 

que somos plurais em todos os sentidos, até mesmo na fé e nem sempre haverá uma explicação para tudo e nessa caminhada vamos nos deparar com exceções. Quando o filho possuí entidades e depois que se inicia no Candomblé elas não se manifestam mais é porque aquelas forças de alguma forma fazia mal, mas se realmente aquela energia tinha um plano espiritual na vida do filho, após o período de resguardo que varia de três meses a um ano, ela voltará, mas será observada quanto a ingestão de bebida alcoólica, fumo e vocabulário, afinal está “trabalhando” em um corpo de um léssè Orixá.

O importante é você ter compromisso com aquilo que carrega, não adianta ter Exú, Pombogira, Caboclo e etc e não cuidar, não trabalhar de forma adequada e principalmente ser acompanhando por um mais velho, pois todos nós precisamos de doutrina para termos evolução espiritual.

Muito axé e que Ogún esteja conosoco!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Comprar Materiais de Axé

Desde muito pequeno que eu acompanho compras de iyàwós e pessoas que vão tomar “obrigações”, minha bisavó era muito tradicional, então sempre comprava nos mesmos lugares, o que lhe dava prestigio com os vendedores que nunca a deixava nas mãos, seja a hora que for, mas atualmente vejo que os valores estão cada vez mais exorbitantes, assim como o gosto dos omo-Orixás. A velha louça foi substituída pela porcelana de boa marca, os ferros rústicos pelos tão belos “niquelados” e o rechilieu tradicional ganhou todo tipo de forma e desenho. Vejo que nada mais natural, isso faz parte da evolução, porém devemos ser criteriosos para não deixar o “bom gosto” se tornar um show de bizarrices e pura exposição do ego, não é isso que o Orixá quer.
Quem sai para comprar as coisas de axé, sabe o quanto é difícil encontrar tudo em um único lugar e para quem vai de transporte publico, como eu fui muitas vezes, é ainda mais difícil, por isso pesquise bem, preços, comodidade e principalmente atendimento, pois a pior coisa é você ter dinheiro e disposição para comprar e ser mau atendimento e ainda mais difícil é quando o vendedor ao invés de ajudar, problematiza ainda mais com perguntas que um abiyan certamente não consegue responder. Portanto, toda vez que for comprar algo para seu Orixá, leve um mais velho com você, outra coisa que eu faço é deixar meu telefone e e-mail no rodapé da lista para quaisquer dúvidas.
Seja uma compra rotineira ou de “obrigação”, faça com gosto, com amor e tenho certeza que será tudo abençoado, entenda que para darmos um passo importante como se iniciar no Candomblé ou as demais etapas, há de ter sacrifício e oferecer de coração. E uma dica às Casas de Artigos Religiosos, trate o povo do santo com atenção e carinho, não ridicularize o zelador da pessoa, seja a lista mais simples ou a mais fundamentada, todos merecem respeito, afinal são clientes e nada mais justo que sejam valorizados e fidelizados.
Muito axé e espero que tenham uma semana de caminhos abertos e que Esú não lhes falte!

domingo, 29 de março de 2015

De Volta as Atividades

Após duas semanas de atendimentos fora do país, volto revigorado pela primavera parisiense, pela beleza de Mônaco e pela breve passagem pela brisa fresca da Alemanha, momentos que vou lembrar para sempre, assim como as pessoas que me acolheram e os amigos que fiz. Viajar sempre nos faz refletir e é excelente para quem está pensando em tirar um tempo para repensar a vida.
Nessa semana volto as minhas atividades e estou muito feliz com os novos projetos do Egbé L’ajò e espero rever filho por filho, pois mesmo que o tempo tenha sido pequeno, a saudade é imensa. Aproveito para agradecer o carinho dos amigos e seguidores do Facebook e do Whatsapp, pois foram inúmeras mensagens de carinho o que me deixou imensamente honrado.
A vida se transforma e digo de boca cheia que vale a pena seguir e amar o Orixá com verdade, pois eles são capazes de realizar todos os nossos sonhos, mesmo que a porta seja estreita, a espera muitas vezes angustiante, não há nada mais importante que andar de cabeça erguida e sentir a graça do orún cair sobre nós. Um passo de cada vez, sem pressa, apenas ouvindo o coração e confiando naquilo que carregamos, sem questionar a vontade do Orixá e sim olhando sempre pelo lado positivo, até mesmo as pedras que encontramos por essa estrada chamada destino.
Uma excelente semana!
Babá Diego de Odé

quinta-feira, 26 de março de 2015

Sinais do Céu - Eu tenho Fé



Apesar de ser um Babálorixá, não sou tão apegado a todo tipo de superstições, sigo a risca os dogmas do Candomblé, porém acredito que precisamos conhecer melhor os “nossos” preceitos, para não absolver demais as crendices de outros povos. Mas uma coisa que o tempo me ensinou é prestar atenção nos sinais do céu, aqueles “toques” que os seres divinos nos enviam e que podem fazer toda a diferença.
Quando eu quero fazer algo e tudo complica, é porque aquele caminho esconde um tesouro, algo que me fará evoluir, então os obstáculos são para testar a minha coragem e se realmente eu tenho capacidade de receber a tal graça, pois não há caminhos benéficos que não exijam sacrifício, se alguém souber um, por favor me avisa. E esses sinais também podem vim das pessoas que nos amam, dos conselhos de nosso Babá ou Iyá, dos próprios pais e amigos, afinal Olorun fala pela boca daqueles que carregam amor ao próximo.
Escute seu Orixá, ouça aquela voz dentro de você, pois essa força chamada axé é a nossa bússola e ela sempre sabe onde você quer chegar, mesmo que você duvide ou esteja perdido, o caminho está sempre na sua frente e o mais importante, se afaste de tudo que te faz mal, não dê ouvidos aos inimigos materiais nem aos espirituais, o que é seu, ninguém tira!
Muito axé e que Oxossi esteja com cada um de vocês.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Candomblé e Cultura

Nós de axé, temos muito a se orgulhar, principalmente da nossa Origem, pois a África guarda mistérios, esbanja beleza e cultura. Tive o privilégio de visitar um dos mais importantes museus da Europa, o Musée Du Quai Branly/França, que entre suas mais de 3.000 obras, possui um grande acervo de documentos, esculturas e etc. Vale a pena conferir. Em São Paulo temos o Museu Afro Brasil que fica no Parque do Ibirapuera e também é excelente passeio Cultural.
Temos uma identidade e conhecê-la é o primeiro passo para nos fortalecemos, e como eu sempre digo, conhecimento e fé são as únicas coisas que ninguém pode tirar de você, assim como a vontade de ser melhor todos os dias, abrir a cabeça e expandir os horizontes, não é fácil, requer coragem, mas no final vale a pena!
Muito axé a todos e uma excelente tarde.
Babá Diego de Odé

terça-feira, 24 de março de 2015

Candomblé – Política, Organização e Defesa

Mesmo de longe, estou acompanhando as manifestações do povo de axé contra a discriminação, preconceito e defesa de nossos rituais ancestrais. Como babálorixá e cidadão, já fui a várias assembleias, conversei com políticos, apoiei candidatos e fui feliz com minhas escolhas, porém uma coisa é fato, nós somos deixados sempre de lado pelo governantes, ainda carregamos o estigma de vim da senzala, do pobre, do povo que foi massacrado e deixo claro que não queremos ser mártires, não queremos cotas nem tão pouco “facilidades”, a única coisa que queremos é tocar os nossos atabaques em paz, sem medo de sermos atacados nem silenciados.

Acredito que o Candomblé é uma religião tradicional e assim como outras religiões, vem se adaptando ao seu tempo, derrubando os obstáculos sociais, étnicos e regionais, mas precisamos focar também na organização do nosso culto, na valorização dos nossos dogmas, no apoio aquele que abre sua casa de axé, que tem vontade de fazer um candomblé do bem e pararmos de denegrir o irmão, dessas guerrinhas de ego e vaidade, esse sim o grande câncer de qualquer comunidade, com essas coisas, muita coisa se perde, inclusive a vontade de participar mais.

Deixo aqui registrado meu apoio e também meu alerta, lutar por um ideal sim, sempre! Ficar aproveitando causas sérias para se promover ou incitar violência aos irmãos de outra religião, promovendo uma “guerra santa”, Jamais.
Um excelente dia e muito axé!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Um momento meu: Pensamentos, Exposição e Candomblé

Essa foi uma semana de grande reflexão para mim, pensei em tudo que já vivi no Candomblé, em todas as decisões difíceis que eu tive que tomar, em todas essas escolhas, sempre coloquei meu Orixá em primeiro lugar e nunca vou me arrepender ou dizer que algo que eu tenha feito em nome da minha religião não tenha valido a pena, prova disso meu Blog e minha Fanpage são verdadeiros sucessos, são inúmeros os e-mails e mensagens que recebo, com dúvidas, mas em sua maioria, são pessoas que estão passando por problemas na religião e que enxergam em mim uma luz e isso me deixar imensamente honrado e feliz, além do Egbé L'ajò que não para de crescer e agregar tanta gente boa.
por um “intensivão” da vida, nasci em uma nação, segui para outra, tive que ouvi e ser apontado pela mudança de axé e de casa, pois nunca escondi de onde vim, assumi uma casa que se não fosse a força de poucos, hoje estaria fechada, além dos problemas rotineiros que todos passamos. A cada passo, a cada tombo, a cada acerto, vamos nos moldando, vamos aprendendo e isso se chama Evolução.
Os mais velhos nos aconselham e muitas vezes, não damos crédito ou achamos que em “nosso” tempo é diferente, mas algumas coisas não são. Uma delas, é a EXPOSIÇÃO NA INTERNET, postar fotos do intimo dos nossos candomblés, nosso transe e etc, o que é lindo e não há motivo para sentirmos vergonha, mas o que mais surge nesse mundo da internet é gente mal intencionada, que se escondem por trás da telas de seus computadores para denegrir um trabalho. Quem realmente vive candomblé sabe que não é fácil, são dias e dias de dedicação, não é bacana ver algo divino ser exposto de uma maneira tão agressiva por irmãos de outras religiões e o que é pior, até mesmo da mesma crença, do mesmo axé.
Além disso, também aprendi que uma arvore sem raiz dificilmente consegue ultrapassar uma tempestade, ela certamente vai tomar, rachada ao meio e pode fazer até algum estrago, mas nada que a força e determinação não consigam limpar, assim somos nós do axé e algo que eu deixo muito claro a quem chega em casa é, eu não vivo a sombra de ninguém, eu não sou sustentado por nenhuma facção criminosa, tenho quem cuide da minha vida espiritual e sendo famoso ou não, eu não uso sua imagem para me promover, quem segue o que eu escrevo, curte e compartilha o que prego, segue o Babá Diego de Odé e pongo, assim como quem chega a minha casa, tem a minha mão e meu axé. E me comprometo a levar uma vida séria, não bebo, não fumo e ninguém me vê em lugares que possam comprometer minha moral, então por favor, me respeitem!
Minha armadura contra a má fé e a inveja, é dura, forjada por Ogún e a ele entrego minhas dores e decepções, pois ele sabe do meu coração e o quanto eu evito fazer ferver o “caldeirão”, por acreditar que a mão que abençoa não amaldiçoa, por acreditar que o “negativo” usa das pessoas para nos tirar do caminho certo, mas desculpa, há quem se aproveite do mal e do tal “ajé” para falar e fazer o que quer, mas como tudo na vida, há um limite e o meu para algumas coisas, já acabou, não vou ficar de "blá blá blá" na internet, vou levar a situação para quem resolve.
Muito axé e agradeço o carinho de todos!

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...