O sentimento de tristeza (bíbinújé) é algo que vem perseguindo e assustando nossos ancestrais desde os tempos primordiais, Verger cita uma ìtàn que diz que Ògún enquanto ferreiro (Alágbède), após Yemonjá se tornar um rio, teria se entristecido pela falta de sua companheira. Obá ao ser rejeitada por Sangò também ficou triste e assim muitas lendas nos contam sobre esse sentimento tão avassalador que até os Orisá´s sentiam.
A tristeza abre portas para o ajé e refletindo muito profundamente sobre o assunto, cheguei a conclusão que ela sempre é baseada nas expectativas que nós mesmos criamos em relação a vida que gostaríamos de ter, e não nos damos conta que a única coisa permanente nessa existência é a constante mudança que tudo sofre, menos a fé. E você iniciado tem que ter em mente que uma ori (cabeça) cuidada não está brindada para aquilo que é produzido dentro de você e a magia nem sempre vem de um ebó, mas do seu auto-conhecimento.
Nesses anos de sacerdócio pude observar que o culto a alegria é constante na nossa fé e o movimento é fundamental para afastar as sombras da alma. A própria palavra sirè (brincadeira), ritual no qual dançamos para todos os orisá´s, nos aponta para a direção da felicidade. E fica muito claro que somos de uma religião onde rezar e agir caminham de mãos dadas, sendo a maior ferramenta de um omo-orisá a sua resistência que foi herdada de nossos ancestrais para enfrentar a vida e nos eternizamos na morte.
Bàbá Diego de Odé
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