terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dicas de Comportamento no Candomblé

- Ligue ou vá no dia do seu Orixá a casa de santo, se não puder, acorde coloque sua cabeça no chão e agradeça por ter vida e por carregar o axé do seu Orixá. 



- Toda vez que puder participe, exerça sua espiritualidade, escute os mais velhos e suas histórias, um dia elas servirão.



- O dia do Orô é o momento de se dedicar, leve sua roupa, seus fios e coloque a mão na massa e lembre-se que existe o pós-orô, ou seja, nada de deixar a casa bagunçada.

- Tente sempre chegar cedo no dia do candomblé, revise sua roupa, veja se ela tá bem passada e se não souber se arrumar busque a ajuda de um egbomi, lembre-se que a festa publica leva o nome da sua família de axé.

- A dança e a música é algo marcante da nossa religião, não é preciso ser um dançarino, basta acompanhar o ritmo e não precisa ser um ótimo cantor, basta responder e saber o que está sendo cantado e para quem está sendo cantado. Um pouco de dedicação vai ser necessário.

- Se atente ao que está acontecendo e não perca o foco, que é reverenciar e cultuar seu Orixá.

- Irmão de santo é para toda sua vida, não precisa “morrer de amores”, mas precisa respeitar um ao outro.

- O zelador precisa estar ciente do que acontece em sua casa, não é porque somos servos mais próximos que somos onipresentes, então se você acha que está ocorrendo algo que pode prejudicar a casa, deve comunicar sim, isso não é fofoca, é fidelidade a quem te ligou ao divino e ao seu axé.

- Na correria das funções, tenha bom senso, seja objetivo em suas conversas, nada de ficar “alugando” o zelador nem os egbomis. O tempo é precioso, por isso quando tiver um assunto sério, marque um horário com seu pai ou mãe e com certeza terá atenção dele.

- Seu Orixá vai “vestir”, então vá pelo menos 10 dias antes e arrume a roupa e peça para seu zelador ou um mais velho te ajudar a revisar. São nos detalhes que demonstramos nosso bom gosto com a religião. 

- Honre seus compromissos, só se comprometa com o que você pode fazer.

Faça da sua religião um motivo para ser feliz e não um barranco para encostar suas frustações!

Colaboração e Participação


Como em toda religião, no Candomblé é importantíssimo a colaboração financeira dos filhos, pois quem trabalha tem condições de ajudar, e quem não trabalha tem condições de participar mais das funções. Entendam que Colaboração e Participação, pelo menos no Candomblé, são coisas distintas.


Colaborar é se preocupar com a casa, se está faltando um papel higiênico, se as contas foram pagas ou se os irmãos que se dedicam integralmente, estão tendo suas necessidades supridas. Participar é colocar a mão na massa, seja a participação no quarto de santo, na cozinha ou na organização. A receita para uma boa vida ativa no barracão é saber equilibrar as duas coisas, pois colaborando, você cuida da casa e participando, cresce e aprende mais.

É anti-ético, ficar aqui divulgando quanto cada um dá ou colabora, acho uma coisa super desagradável o zelador ficar expondo o que cada um dá, isso afasta as pessoas da religião. Vamos nos unir, sem querer ser um melhor do que o outro. Acredito que nenhum Zelador sério, quer explorar filho de santo e nem muito menos ser explorado, ou seja, deixar suas atividades de lado e ainda ter que “pagar” para ter gente em sua casa de santo. Existe um preço justo para tudo, lembrando que vivemos em um país onde o salário mínimo beira os R$ 700,00, então acho fora da realidade pagar R$ 10.000,00 para ser iniciado.

Pensem nisso!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um Novo Dia

Zelar pelo Orixá é maravilhoso, ir para mata, enfrentar água gelada, cortar os pés nas pedras, passar a noite limpando bicho e tudo isso rindo e feliz. Quando paramos nossas vidas para cuidar de alguém, é a nossa fé no Orixá e também no ser humano que prevalece e sempre esperamos o melhor, contudo não é isso que acontece muitas vezes. E aí, o que fazer? Desistir ou Continuar? 


Eu escolho CONTINUAR, pois se me propus a fazer algo, tenho que fazer da melhor maneira possível. Odé realmente me ama e hoje tive essa prova, não posso dizer que Olorun não cuida e não me ouve. Passei a noite pensando, todo ano é assim, a função de Xangô vem para renovar, para derrubar mascaras e “acertar” os ponteiros. 

Vamos lá povo do axé, gente que chora, ri, canta e se cala perante ao Orixá, somos uma família e juntos somos mais fortes. Agora quem não quer fazer parte dessa corrente, meus pêsames, pois como diz a música:

“Só quem já morreu na fogueira / Sabe o que é ser carvão”.

A vida é uma viagem de altos e baixos, e a família é a sombra para os dias ensolarados e o guarda-chuva para nos proteger nas tempestades. E eu já decidi, não vou lembrar de quem não quer ser lembrado, não vou agradar quem não quer se agradado, não vou bater na porta de quem não quer ser incomodado. Sou bom, mas não sou besta!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Conciliando a Vida Pessoal com a Religiosa


Para muita gente, conseguir conciliar a vida pessoal com a religiosa, parece uma tarefa quase impossível, são tantos os empecilhos que realmente quem os ouve, parece uma espécie de “doze trabalhos de Hercules”, mas não é. Acredito que existem pessoas que realmente nasceram voltados para a vida na religião, seja ela qual for, são seres iluminados que abdicam de ter uma família, uma vida social, para se dedicar a fé, mas esse não é o caso da maioria de nós.


Minha visão sobre isso pode parecer muito radical, mas mesmo assim eu vou expor. Ser feliz é manter o equilíbrio entre as diversas áreas de nossa vida, amor, fé, trabalho, família, saúde e etc. Cada parte desse bolo é importante, e a fé é a base que sustenta todas as demais, por isso damos uma atenção especial a esse campo, mas isso não quer dizer, deixar de dar atenção ao seu parceiro, a sua família carnal ou deixar os cuidados com a saúde de lado, não é isso que o Orixá quer de você.

Se você tem tempo para se dedicar, faça sim! Vá para a casa de axé aprender, aproveite seus dias de folga ou os momentos que você não está trabalhando ou estudando, mas não deixe sua vida de lado para viver “exclusivamente” para o candomblé, se essa não for sua vocação. Eu tenho filhos em casa que conseguem bem conciliar as coisas, um deles, passou um tempo sem emprego e se dedicava muito, hoje, graças a Deus, está trabalhando e já não vem com a mesma frequência, mas mesmo assim participa e isso me deixa mega orgulhoso, pois vejo que ele, antes de tudo, está sendo comprometido com a sua própria vida e existência, e não vou ficar cobrando ou desmerecendo ele por não ter mais tanto tempo para se dedicar ao axé como antes.

Meu lema é Fé e Bom Senso, acho que isso está ficando extinto no “mundo do candomblé”, cobrar a presença é nosso papel como zelador, pois o filho precisa da vivência para exercer sua espiritualidade, mas isso não quer dizer que precisamos “podar” o caminho ele, para tê-lo 24h a nossa disposição, isso é egoísmo e sujo demais para quem se diz representante do Orixá na terra.


Pensem nisso!

Algumas coisas que valem ser reafirmadas:

- O Candomblé é uma religião e como todas religiões, você vai precisar ter fé, ou seja, não adianta apenas achar que vai “pagar” e que tudo vai se resolver.


- Hoje, ninguém se inicia sem saber o que vai ou não acontecer, o yawò entra com data e hora de entrar e sair de obrigação, por isso não irrite seu zelador com perguntas do tipo: ‘Eu posso sair do ronkó para ligar para minha mãe?’, ‘Eu posso ver meu face?’. Acho que as respostas são muito obvias.

- Filho de santo, chegou na casa tem que colocar sua roupa de ração e seus fios, não interessa se você decidiu vim apenas de visita. Quando somos iniciados, já sabemos nossos direitos e também nossos defeitos. Não vou mais chamar atenção ou adular ninguém para cumprir o seu papel, pois não fui eu quem inventou o candomblé, se alguém se sentir incomodado ou envergonhado de assumir sua identidade religiosa, é muito fácil, bastar não vim ao axé.

- O Orixá não é nosso escravo e não está a disposição para resolver tudo que você quer, do jeito que você quer e na hora que você quer. Ser um religioso é confiar no amor do seu Deus e também saber que existe um momento para todas as coisas. Você confia ou não confia no que carrega?

- O segredo para permanecer na religião dos Orixás é saber ouvir e falar na hora certa e para todas as coisas, use o bom senso. Nada de viajar na “maionese” ou de fanatismo, para amar o Orixá não é necessário ficar 100% do seu dia falando de candomblé ou de "quizilas".

- Ter rumbè e muito mais que ficar abaixado quando um mais velho fala, ou tirar o torço quando vai “colocar cabeça”. É acima de tudo ter nobreza nos seus atos, gentileza ao tratar seu mais velho e seu mais novo, cumprir com suas responsabilidade e honrar cada acaçá que é passado em você. Nos dias de hoje isso já está de bom tamanho.

Boa tarde e sejamos felizes sempre!


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tempo e Conhecimento

Não tenho a intenção de difamar ou denegrir a minha religião, nem muito menos falar mal da casa dos outros, mas me entristece muito ver gente “velha de santo” com tão pouco conhecimento. O que está acontecendo? Eu acredito que buscamos uma religião para crescer espiritualmente, e tem como fazer isso sem conhecimento? 


Certa vez ouvi a seguinte frase:



- Estou aqui apenas para servi o Orixá, não me interessa aprender nada!

Okay! Também creio que somos servos dos Orixá, mas porque não servi com qualidade, com propriedade? Que “evolução” tem em ser um “repetidor”?

O candomblé é riquíssimo em cultura, história e liturgia, o que muita gente não entende é que a oralidade é muito importante, mas que já temos outras formas de guardar e transmitir a sabedoria do Orixá, eu opto em registar através da escrita e treinamentos, pois se amanhã um yawò ou egbomi meu falar que não aprendeu nada em casa, eu terei minha consciência tranquila, que fiz meu papel de líder religioso, deixando claro que não vou discutir sobre “qualidade”, com yawò que não sabe nem fazer um acaçá.

Vamos acordar, foi o tempo que “tempo de santo” bastava. Hoje, seja você babalorixá ou egbomi, tem que ter algo a ensinar, o que transmitir ao seu mais novo, pois essa é nossa missão como membro do candomblé, levar o Axé, seja ele uma palavra de conforto, um abraço, um conselho que possa melhorar a vida do próximo, ou até mesmo defender sua fé.

Pensem nisso!


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Quem é meu zelador?

Certa vez me perguntaram:

- Como uma pessoa pode saber/escolher o zelador que vai cuidar do seu Orixá?

Resposta:

- Para cada um a fé se abre e se mostra de um jeito, eu não acredito em uma religião “universal”, ou seja, que abrange a todos. Creio sim, no resgate da ancestralidade e principalmente no poder do coração. Se o seu caminho é o candomblé, sabemos que é uma religião que necessita de direcionamento, por isso necessitamos de um zelador (a), que não precisa ser a pessoa mais perfeita do mundo, a mais bonita e nem que tem a casa melhor, o que é válido de verdade é o axé e o amor que ela tem para transmitir ao seu Orixá, além obviamente da “química” entre filho e pai.


Diariamente, atendo muitas pessoas que estão saindo ou já saíram de suas casas de axé por decepção ou problemas após serem iniciados e em 90% dos casos, o agravante não é a falta de “fundamentos” ou de “atos”, e sim a falta de respeito, amor e dialogo entre as partes, coisas que poderiam ser evitadas se o Orixá e a Família fossem colocados em primeiro lugar.

Pensem nisso!

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...