No candomblé, é muito comum ouvirmos sobre crises de relacionamento entre filhos de santo e seus pais de santo e os motivos são diversos, mas o mais recorrente é a questão de misturar vida pessoal com vida religiosa. Tenho um network que me possibilita ter integração com católicos, evangélicos, judeus e muçulmanos e é muito raro ver um deles falar que está “de Exú” com seus lideres religiosos e vejo que isso é tão “normal” em nossa crença, porque nem os seguidores, nem os zeladores sabem seus papéis.
A função do nosso zelador é nos orientar espiritualmente e nos ajudar a encontrar o melhor caminho, obviamente é uma pessoa muito importante na nossa vida e de muita confiança. Ao nosso zelador revelamos nossos segredos, nossas angustias, com ele não precisamos usar máscaras, contudo devemos respeitar o fato dele ser humano e como todo mundo, tem que comer, dormir, se divertir. No começo da minha história religiosa eu tentava ser o melhor amigo dos meus filhos, me abria, chorava no colo, saia para me divertir. Com o passar do tempo eu aprendi que nem todo mundo sabe separar as coisas e quando eu me posicionava como Zelador para chamar a atenção ou corrigir, o filho de santo acabava se ofendendo, pois não conseguia me ver como seu líder e sim como um amigo ou colega.
Eu escrevo a mais de quatro anos sobre comportamento e cada matéria ou post publicado é baseado na minha vivência, que me permite expor minha opinião e hoje eu aprendi que a amizade entre filho e pai é fundamental, mas o respeito vem em primeiro lugar. Nunca vi dá certo Pai de santo ser colega de balada ou amigo de “copo” dos filhos de santo, uma hora ou outra acaba saindo confusão e quem sai prejudicado é a comunidade e o Orixá.
Eu não sou o dono da verdade, mas acredito que o pensamento e a reflexão, podem nos auxiliar nessa busca pela preservação do culto, onde a tradição e o espirito jovem podem caminhar juntos, ao invés de ficarmos nessa eterna guerra de gerações.
Um comentário:
Boa tarde!! Infelizmente confundem as coisa eu acredito que fora da casa de santo cada um com sua vida, família e empregos, dentro da casa sim respeito, dedicação.
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