Muito se fala sobre a vaidade dentro do candomblé, é só entrar em uma discussão sobre a religião e logo vem alguém e diz:
- O povo só quer saber de roupa bonita, é muita ostentação, Orixá não é isso!
Tudo bem eu concordo que Orixá não seja SÓ isso, mas a forma de nos vestirmos sempre foi uma maneira de expressar nossa religiosidade. Outro dia ouvi que Orixá não gosta de luxo, porque o candomblé veio da senzala. E o que isso tem haver? Os hebreus também foram escravos no Egito e nem por isso deixaram de evoluir. Voltando ao assunto, eu acredito que o que é feio é mostrar o que não se tem, deixar de colocar comida no prato para comprar uma roupa para ir ao candomblé.
Eu amo comprar roupa “de santo”, pois se eu posso comprar uma calça de R$ 300,00 para sair para me divertir, porque não posso comprar uma roupa de R$ 250,00 para me apresentar perante meu Orixá. Se para casar as mulheres chegam a gastar R$ 5.000,00 em um vestido de noiva que vai usar apenas por 6h00 no máximo, porque não comprar uma roupa de rún para seu santo de R$ 3.500,00?
Humildade não tem nada haver com condição financeira ou roupa, se você está com suas obrigações com o axé em ordem, se tudo que seu Orixá pediu, você deu, tem mesmo é que ter gosto pela sua religião, lembrando sempre, que o poder do axé do seu santo é o mesmo, ele usando um simples morim ou o mais elaborado dos rechileus, pois o que ele vê é a verdade que está no seu coração e ele sabe que assim como os outros aspectos, a vaidade sempre fará parte do milagre de ser humano.
Enquanto ficarmos presos nessas pequenas coisas, deixamos de se importar com o que é praticado dentro do quarto de santo, pois não vejo ninguém escrever e falar ou se importar com isso, é só um tal de “o yawò não pode isso”, “a no meu tempo yawò não agia assim”, “hoje me dia o yawò não respeita os mais velhos”. Falam tão mal da vaidade, mas se alguém deixa de colocar a cabeça para eles, ficam loucos, o que seria isso? Não é vaidade também?
Nenhum comentário:
Postar um comentário