segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Generosidade Espiritual - Oninurere

Generosidade é a virtude de quem compartilha por bondade, é uma plavra de origem indo-europeia que siginifca gerar, fazer nascer. Ou seja, a generosidade espiritual é a capacidade de dividir o que se sabe, as experiências espirituais e “ser luz” no caminho do outro.

Uma das primeiras coisas que falamos aos iyáwò (noiva, iniciados no mistério do orisá) é que eles serão fonte de luz no caminho, e o que isso quer dizer? Que serão representantes do orisá, pois carregam o despertar da divindade para o tempo que estamos vivemos. Obviamente há muita coisa que se reproduz da ancestralidade, como a identidade visual, o dialeto, o comportamento, mas tudo isso voltado ao entendimento do que se carrega dentro de si, afim de produzir na própria existência e de sua comunidade transformações positivas. 

Se os nossos ancestrais não tivessem tido generosidade, não teriam divido o conhecimento das suas divindades com a comunidade onde estavam introduzidos, e provavelmente não teríamos o candomblé, nem o conhecimento que essa cultura nos deixou, e que a cada geração é ressignificado sem perder a essência que é humildade, respeito e sabedoria. 

É muito comum ver nas comunidades de candomblé “mais velhos” retendo conhecimento, pessoas que acreditam que se dividir perde, quando na verdade ao compartilhar o grupo (ègbé) ganha e portanto todos são beneficiados. Assim como sempre existem aqueles que por excesso de boa vontade, acabam falando sem propriedade o que também prejudica o processo. Com isso, entendemos que encontrar o equilíbrio e transmitir apenas aquilo que se tem segurança é o caminho mais prudente e aconselhável. 

Não coloque o lado pessoal a frente da sua espiritualidade, não é porque você não se relaciona bem com aquele determinado irmão que não vai dividir o que aprendeu, existe um motivo para que você tenha o seu caminho espiritual em comum com ele, aprenda com isso, tenha empatia por quem está aprendendo, e não importa o quanto foi doloroso adquirir aquela “palavra’, pois muita gente usa dessa desculpa para não ensinar, faça seu sacrifício valer a pena, melhore o caminho do irmão e todos podem avançar em busca de novos conhecimentos, isso é evolução.

Muito asé,
Bàbá Diego de Odé
Bàbálorisá do Ilè Asé Ègbé Lajò – Itapevi, SP. 





segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O que significa o orunkó


Orunkó é um termo yorubá que determina o “nome”, e não se deve confundir com a “djina” do povo da nação do Angola, pois são tradições diferentes. 

O orunkó é o nome do orisá para a grande maioria das casas, mas durante esses anos eu observei que ele é muito mais do que isso e vou dividir com vocês a minha visão.


O orunkó, na minha opinião, é o encontro do nosso eledá (destino) com o orisá, é a luz que iluminará a nossa existência a partir daquele momento e o seu significado rompe maldições, dando ao iniciado (iyáwò) uma nova direção. 


Percebi que os nascidos com orunkó finalizado em ayó (abundância) precisam buscar felicidade em tudo que fazem, já os finalizado com omi (água) tem como desafio a adaptação e emoção, assim como os finalizados em lewà (beleza) precisaram enxergar a vida com beleza e encantamento para que os caminhos se abram.


O “nome do iyáwò” é feito em sua maioria em rituais fechados, apenas com a família de santo e convidados e o “padrinho de orunkó”, que é a pessoa que vai “tirar o nome” como falamos, é de grande importância na vida no neófito e a testemunha daquela iniciação. 


Não costumamos divulgar esse nome (orunkó) antes da obrigação de sete anos (odún èje) do filho, pois ele ainda está em processo de “feitura”, afinal até lá, ele é apenas iniciado, mas após esse processo não há mal em um irmão saber o orunkó do outro assim como a sociedade como um todo.  Existe toda uma mística que quem conhece seu nome pode fazer algo de mal para você, mas eu acredito que tudo que compõe o mistério do seu orisá como “qualidade”, comida específica, visões, entre outros não podem ser citadas conversas informais ou banalizadas.  


Eu sempre tomo muito cuidado em falar sobre rituais, pois cada casa tem sua maneira de enxergar, mas o orunkó é a nossa marca nessa terra e um dia, conforme nosso merecimento ser torna um esá (honra). O que é comum é que, esse é o dia do nosso batismo dentro do asé e que esse nome é imutável, a não ser nos casos de mudança de nação de candomblé. 


Uma excelente semana,

Bàbá Diego de Odé 

(11) 4141-0167

sábado, 21 de agosto de 2021

7 Sinais que você está preparado para ser um ègbón

Ser um “mais velho” no candomblé implica em uma série de responsabilidades e posturas condizentes com os anos de aprendizado e dedicação que levam um iyáwò a ser de fato uma pessoa “feita no santo”, como popularmente falamos.


Eu listei sete sinais importantes de maturidade espiritual, pontos esses que podem e serão desenvolvidos sempre dentro da vida de candomblé. 


1 - Ninguém precisa te cobrar. 

Você tem responsabilidade, sabe seu lugar e o que pode ou não fazer dentro do Asé, sem que para isso alguém precise te cobrar.


2 - Respeita e orienta seu mais novo. 

Não é preciso tomar obrigação de sete anos (odún èje) para contribuir com a vida do seu àbúrò.


3 - Saber a hora certa de perguntar. 

Faz parte do amadurecimento espiritual saber a hora certa de cada coisa, inclusive de tirar suas dúvidas ou questionamentos.


4 - Não avalia os irmãos pelo que são fora da casa. 

Um bom “vodussi” não exerce julgamentos dentro da roça sobre a vida do alheio, pois sabe que o que importa é o que ele é como omo-orisá.


5 - Preza pela paz. 

Uma pessoa que se envolve constantemente em confusões e fofocas certamente não está pronto para ser um mais velho, pois se quando era “criança” já causava, imagine só agora como “adulto”. 


6 - Hierarquia.

Entende que a hierarquia existe para organizar e não para ser arma de humilhação. 


7 - Busca aprender. Conhecer e estudar não ajuda apenas a você, mas também no preparo para que você auxilie seu bàbálorisá ou iyálorisá nos ritos dentro e fora do Asé, saber um orin-ewè (sassanhe), orin-ori (cantiga de bori), responder um àdúrà é muito importe. Para isso conte também com seus mais velhos.


Ẹ káàró! E muito Asé.


#candomblé #seteanos #babadiegodeode

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Quando devemos mudar de “Asé”?

Esse é um dilema que muita gente passa, principalmente com o número de casas de candomblé aumentando exponencialmente, e as dúvidas são sempre as mesmas, como e quando é a hora de começar uma nova história?


Em primeiro lugar nunca devemos ver essas mudanças com naturalidade, pois envolve laços familiares e ancestrais. Precisamos entender que, você sempre pertencerá ao lugar onde foi iniciado, independente para onde você siga.


Obviamente não é sempre escolha do filho, há casas que após falecimento do zelador (a) fecha, problemas de convivência e as mudanças que podem ocorrer nesse percurso.


Em primeiro lugar se pergunte: Qual foi a minha motivação para fazer parte dessa casa de orisá? O que eu busco como religião e qual a motivação em continuar? 


Depois faça uma reflexão sobre os valores, se o ambiente é saudável, se você está conseguindo se desenvolver e seja sempre transparente com quem cuida de você não se isentando das suas responsabilidades com o Asé, pois não adianta ser um filho que não participa, não ajuda, não assume o compromisso com a casa e querer apontar o que está ou não certo. 


Acima de tudo tenha bom senso, gratidão e priorize o orisá. Deixe seu ego de lado e nunca se esqueça que há um propósito para todas as coisas, inclusive para nascer para o orisá. 


Com as bençãos de Oxóssi, ótima quinta-feira ! 🏹🙏🏻💙

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

10 coisas que você precisa saber antes de se iniciar no candomblé


1 – É um laço eterno com a ancestralidade. A partir do momento que você é iniciado terá a responsabilidade de honrar com o seu juramento, tanto com o céu, quanto com a terra.


2 – Acreditamos no Ori (cabeça, guardião, inteligência). Durante seu desenvolvimento como omo-orisá uma das dicas mais importantes é aprender a separar o “eu” do orisá, ambos vivem juntos, porém o “eu” protege sempre o agora, o imediato e o orisá preserva a sua evolução a longo prazo.


3 – Você ganhará uma nova identidade. Independente da cor da sua pele, você deve conhecer no mínimo a história do seu povo africano. 


4 – Hierarquia é a base da nossa religião. Portanto você vai precisar de longos anos ouvindo e aprendendo para levantar e ensinar.


5 – Nem todos vão concordar com a sua decisão. Por uma questão histórica, o candomblé é visto por muitos como uma religião marginalizada e até confundida com satanismo e outras ordens que não tem nada a ver com o que pregamos.


6 – Existe preceito. Por isso é importante saber quais são os interditos antes de se iniciar. 


7 – Não existe teoria sem prática. Você pode ler mil livros que trate de candomblé, mas por essência, nossa fé é para ser sentida. 


8 – Você ganha uma nova família. Esse pode ser um dos maiores desafios de um iniciado no candomblé, pois conflitos de personalidade, afinidades e tudo que compõe o comportamento humano faz parte do nosso cotidiano. 


9 – Orisá é caminho. Um filho do candomblé terá a sua vida transformada e, muitas vezes, pelo caos. Isso acontece também pela nossa herança ancestral, somos descendentes de homens e mulheres fortes e resistentes que enfrentaram a vida de cabeça erguida. 


10 – Reclamação é o maior “contra-asé”. Se você acredita no que você carrega e no que foi despertado na sua vida, tem que ter a confiança de que tudo que acontece ou vai acontecer faz parte do seu desenvolvimento e evolução. Murmurar é um sinal de falta de fé e confiança.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Como Ser Um Babálorixá


Muita gente me pergunta como se faz para ser babálorixá ou iyálorixá, qual o caminho que devem percorrer, que conselhos eu daria e etc. Em primeiro lugar temos que entender que ser um líder religioso requer dom e realmente ser escolhido pelos Orixás, o que não significa que apenas a “inclinação” basta, se você não for lapidado, se não aprender e adquirir experiência, será apenas um talentoso perdido e pode até encontrar seu caminho, mas será muito mais difícil, então siga uma casa de axé, se dedique a buscar conhecimento tanto teórico quanto prático, pois ambos são importantes para guiar seus futuros filhos e para fortalecer sua armadura contra a inveja, a fofoca e a difamação.
Quando você ouvir dizer que o Orixá prepara os escolhidos, tenha em mente que a vida de um sacerdote não será apenas roubas bonitas, casa cheia, uma agenda semana lotada de atendimentos e viagem internacionais, isso tudo é consequência de muita luta, pois teremos que lidar com o que há de mais delicado nesse mundo, GENTE. Iremos conviver com todo tipo de temperamento e você vai precisar se fazer ser entendido, pois para cada um o Orixá irá se demonstrar de um jeito e é sua tarefa orientar e buscar sempre uma direção para o outro, enquanto também terá a responsabilidade de tomar conta do bem coletivo e da sua própria vida, que não vai parar.
Um conselho que eu me daria há dez anos atrás é que pensasse bem na hora de escolher uma liderança, pois nem todos os zeladores do Candomblé conseguem lidar com um “filho-zelador”, existe ainda muito ego e concorrência, mas isso não é da religião e sim do ser humano. Outro conselho seria que não misturasse a vida pessoal com a religiosa, mas isso aprendemos com as pancadas da vida, pois a pior besteira que um pai de santo pode cometer é chorar no ombro de um filho ou abrir demais sua intimidade, não são todos, mas a maioria das pessoas não conseguem entender o limite entre liberdade e libertinagem.
Acima de tudo, tenha amor por sua fé, pense bem antes de agir, antes de falar, pois você é um formador de opinião e não e apenas o seu nome que está em jogo, mas também de toda uma ancestralidade. Não pule etapas, se tiver que refazer algo ou errar, seja sincero e busque sempre fazer o melhor que puder, pois será isso que o Orixá irá ver, seu coração.
Muito axé e que Olorun esteja sempre com você!

Qualidade de Ogum: Ogum Ja

Existe uma grande polêmica sobre essa qualidade de Ogum, pois a palavra “Ja” (Aja) aparece no dialeto yorubá como “guardião” e, também, como cão, sendo a denominação correta “Ogum Ja”: aquele que recebe cães como oferenda pois, como sabemos, na África o cão do mato é dado em sacrifício à algumas divindades.
Em sua liturgia, encontramos a lenda onde ele aparece como aquele que acompanha Oxaguiã e fornece ao seu povo as ferramentas agrícolas, o que faz a produção de inhame ser maior, garantindo fartura e prosperidade ao povo de Oxaguiã. Em outra lenda aparece ao lado de Jagun e Oxaguiã, ajudando-os a conquistar novos reinos. 

Geralmente ele sempre é acompanhado por Iemanjá e Oxum e, conforme descrito acima, Oxaguiã. Como Orixá guardião e ligado aos Orixás funfuns, usamos em sua roupa a cor branca, azul marinho e verde folha, além  das folhas de mariwô desfiadas, que o acalma. 

A Porta da Rua é Serventia da Casa!


Essa é a primeira frase que vem a nossa cabeça quando alguém que temos um relacionamento seja qual for, conjugue, filho de santo, funcionário, cliente ou aluno, nos questiona ou reclama de algo, mas você já pensou no impacto dessa expressão? Então vamos refletir e não se culpe, é natural da sociedade atual, onde tudo que cada vez se torna mais descartável. 
Primeiramente, o outro já sabe disso, por isso, ela é só demonstra que você está transferindo a responsabilidade e suas fraquezas para o outro e em segundo lugar, se uma pessoa te questiona ou reclama é porque tem o mínimo de consideração por você, afinal, quem quer ir embora não fica dando explicações, vai e pronto. Pense no lado positivo, se está sendo exposto um problema é para que você tenha a oportunidade de argumentar e mostrar seu ponto de vista, agora se não há mais caminhos, se a convivência ficou difícil, ponto final e segue a estrada, sem brigas desnecessárias nem ofensas.
Pense também no impacto que o seu “Não está feliz? Pega suas coisas e vai embora!” tem nas pessoas que estão em sua volta e te ouvem falar assim, naqueles que te enxergam como um líder, um amor ou um mestre. Pessoas são complexas, cada Orí é único, assim como todas as pessoas que passaram ou passarão por sua vida, existe um motivo para os encontros e reencontros que Olorun nos permite. Estamos em uma realidade (aiyè) de resgate e ele só é possível pela dor, pelos problemas e obstáculos, que devem ser resolvidos e sarados para que possamos passar para a próxima etapa e sermos mais felizes, se prender demais a eles, te farão uma pessoa amarga e negativa.
Viva bem, não para os outros, mas para si mesmo. Seja positivo e encare seus problemas de frente, na maioria das vezes, eles são bem menores quando olhados de perto.

Orixá do Dia: Oxalufã


O pai da paz e senhor da sabedoria revela, para o dia de hoje, problemas quando a convivência em família, importante saber que somos únicos e a base que construímos interiormente é o que de verdade nos fortalece, ou seja, conte com você mesmo, isso evitará decepções.

No amor, a tolerância será um fator primordial, pois preocupações em outras áreas da vida poderá invadir seu coração e generalizar tudo, separe as coisas para não cair no "tudo tá ruim".

Ritual do dia: Antes de sair para resolver problemas, principalmente de ordem burocrática, lave a cabeça com água de coco verde e peça sabedoria e paciência a Oxalá. Obs: a água não pode ser despejada no ralo, e sim em uma bacia e em seguida coloca direto na terra.

Muito Asé,

Babá Diego de Odé - Diego Tavares
Babalorixá & Consutor Espiritual


Ensinamento - Odé Karèlè (Odé Karê)


Filho de Odé Ibúalama e Iyèmonjá Asesú. Ligado ao rio como o pai, ele e sua irmã, Osún Karè, travaram uma grande disputa para saber quem era o preferido de seus pais que será narrada abaixo.
Ibúalama forjou um Ofá (arco e flecha) e Asesú preparou uma Abebé (Espelho de mão, símbolo também de fecundidade) com o poder de controlar os peixes, ambos os filhos receberão os miraculosos objetos e seguirão juntos na tarefa de encontrar Iyá Apaoká, a jaqueira, pois foi lhe dito por Orumilá que lá encontrariam a resposta que procuravam, porém deveriam fazer o caminho sem usar atalhos. 
Durante a viagem terrestre, ainda dia, Odé Karelè habilmente caçava e matava sua fome , porém Osún Karè não conhecia a arte da caça e ficava com fome, já no trecho de rio quando a noite se fazia presente, ela sabia como manusear a Abebé e matava sua fome de peixe, já o irmão não conseguia, atirava suas fechas e nada. Quando chegaram até a grande Jaqueira, eles fizeram a tão difícil pergunta e ela respondeu que eles já tinham a resposta, pois durante o caminho um sempre ficou sem comer, mesmo o outro tendo fartura, por isso, a partir daquele momento, eles iriam caminhar juntos, afinal, seriam mais fortes e teriam o orgulho de seus pais e levariam prosperidade a sua terra.

Ensinamento - Odé Onisèwè


Ligado a Osaiyn, teria sido encantado por Onilé, a mãe terra, que se impressionada por sua beleza, criou a primeira gruta e fez dela surgir água doce e límpida, porém ele precisa ensinar os homens a arte da caça, tendo que deixa-la só. 
Dizem os antigos, que usa rosa, pelo mesmo motivo de Oyá Onira, era um caçador feroz e lavado de sangue encontrou Obatalá que soprou sobre ele o pó branco, efún para acalmá-lo e por isso, tudo seu tem a cor branca, azul claro e rosa. 
Conhecido em alguns asés, como o caçador de borboletas. Onisèwè aprendeu com seu pai, Babá Dankò, a caçar as bruxas que tentavam perturbar a ordem na aldeia, onde prendiam-as no bambu fino e amarrado com um laço branco, feito por Iyèmonjá Sabá.

Ensinamento - Odé Erinle (Ibúalama e Inlé)


O caçador de elefantes, tem seu culto quase que separado dos demais Odé, isso pois Erinle não é apenas um caçador, mas também é ligado a botânica e a medicina. 
São três os momentos que cultuamos, sendo Inlé, ligado a Osún que deu a luz a Ologúnèdé. Ibúalama, quando tem caminhos com Iyèmonjá, união que resultou os gêmeos, Osún Karè e Odé Karelè e Erinle, que tem forte ligação a Iyá Otín. 
Diz uma lenda, que Erinle era famoso por sua beleza e esperteza, porém após viver com Iyemanjá, firmou um acordo de manter segredo sobre o que havia visto em sua casa, mas ele não cumpriu a promessa e ela cortou sua língua, desesperado ele vai até o fundo da rio buscar ajuda de Osún Ijimú e Osún Ominibú que devolvem lhe a voz, porém ele teria que ser coberto pela sabedoria, sem entender ele aceita, mas ao sair do rio e ver seu reflexo, ele havia se tornado velho e entendera que a sabedoria que tanto buscava estava no tempo que ele tanto havia desprezado, foi então que recebeu o nome de Ibúalama, sábio das águas profundas.

Oxum Kare


Oxum Kare
Filha do amor de Odé e Yemanjá
Água fresca que mata a sede do caçador
Pesca farta que sacia a fome dos seus filhos
Oxum Kare é a água que fertiliza a terra do justos
Babá Diego de Odé
11 4141-0167

Ensinamento - Odé Dana-Dana


E Oyá Bagan
Diz uma lenda que Oyá Bagan foi encarregada de ir em cada tribo ao redor de Oyá e aprender o segredo do Orisá líder para trazer a Sangò, pois o rei sabia que isso ajudaria ele a dominar outros povos, porém em uma dessas caçadas por poder, Bagan se viu cercada, pois fora descoberta, já noite, ela foi resgatada por Odé e a partir daquele momento, tudo que um ganhava dividia com o outro.
Ele recebe o nome de Dana-Dana
Por ser muito esperto, Odé buscava outros jeitos de caçar, pois a cada dia a fome de sua família crescia, então ele cria uma armadilha, vendo que teve vitória, cria outras diversas. Porém isso não agradou os outros caçadores, que ao persegui uma presa, ela sempre era pega primeiro pelas arapucas, então eles começam a chamá-lo de Dana-Dana, ou seja, ladrão, ainda hoje é usado esse termo em algumas tribos para chamar o outro de bandido. 

Dana-dana e Iyèwá
O caçador era conhecido por ser destemido e corajoso, porém ele guardava um segredo, mesmo tendo que caçar, ele sofria com a morte dos animais, pois sempre se batiam na hora que eram abatidos e isso causava angustia. Certo dia, ele ao perseguir um ave negra próximo a uma lagoa, viu ela se transformar em uma linda moça, era Iyèwá e como todos sabiam que não havia outro Orisá que era mais fiel ao segredo e ao mistério, ele decidiu dividir o que lhe pertubava, foi então que ela deu a ele uma poção que funcionava como tranquilizante, sendo assim, a caça não iria mais sofrer. Em agradecimento ele a prometeu nunca contar a ninguém que ela usava a forma de pássaro para vigiar aqueles que traiam seus juramentos.

Ensinamento - Odé Akueran

Ligado a Ogún Onire, Akueran é aquele que trás a fartura da montanha. Tem profunda ligação com Osún e Òbà. 
Teria sido largado por Ogún na mata, nu e sem armas, após diversas provações, ele retorna a tribo, coberto com as peles das caças e com muita carne. Ogún orgulhoso, pois só deixou o irmão sozinho para que pudesse amadurecer e como prêmio pela sua bravura, Akueran herda a tribo de Ogún, que segue para conquistar novas terras.

Ensinamento - Oyá e Seus Caminhos

(Por Babá Diego de Odé)

- Mensan: Ligada às tempestades e as mudanças de estação. Foi ela quem se opôs a Ogún quando ele queria invadir as terras de Nánà. Diz a itàn (lenda) que ele a dividiu em nove (Mensã = Dividida em nove), e ela teria dividido ele em dois, Ogún Mèjí (Dividido), dando origem a ambos cultos, por essa ração carrega nove adaga (espadas).


- Tópé: Mãe do fogo, aquela que acompanha Esú e Sangò. É ela a terra que envolve o Odú Ará (pedra do raio). Feiticeira, buscava sempre receitas para ajudar a humanidade a evoluir. Uma das mais importantes presenças no agèrè (Ritual do fogo). É comparada em seus mitos a cobra mamba-negra, o que nos indica o cuidado com que os ancestrais tratavam desse caminho.


- Onira: Ligada a ancestralidade feminina e a água. Mora onde o vento da curva e passa pelo rio . Seria filha rejeitada de Osún Òpárá e Ogún Wárìn, que foi posteriormente resgatada e cuidada por seus pais, porém antes disso passou por várias provas, até que se uniu com sua mãe e como boa artesã, confeccionou o Edan Opará, as agulhas. Forjou em cobre a primeira Eréké (máscara) usada no culto a Iyámín. (Por Babá Diego de Odé)



- Igbálè: Mãe dos ancestrais, é o momento onde Oyá dá luz a Egungún, seu último filho. Usa branco por respeito aos ancestrais e também é chamada de Oyá Furé ligada a Omolu e Iyèmonjá, é aquela que apazigua a consciência na morte ou Oyá Fònán, ligada a Ogún, é aquela que acompanha as almas até a sepultura.


- Ologúnerè: Momento onde Oyá é feiticeira e caçadora, ligada a Ibeji e Ologúnèdé. Foi ela quem colheu o primeiro galho de Iroko que caiu e esculpiu o primeiro Ère (estátua de madeira feita a imagem do Orisá). Durante a guerra de Osún e Òbà, teria escondido Ologúnèdé e de presente recebeu um Ofá miraculoso de Odé Erinlè.


 - Bágan: Senhora da noite, foi cega pelo braseiro enquanto tentava roubar o fogo de Esú para levar a Sangò. Mora na mata escura e guia os espíritos dos encantados, dividindo o mundo dos mortos com Igbálè, ou seja, aqueles que não recebem honras após a passagem, são cuidas por ela. Tem profunda ligação com Odé Danadana, ela teria coberto ele de penas de gavião para esconde-lo dos inimigo. Usa marrom, branco e cada búzio em sua roupa representa um ancestral.  


- Petù: Ela divide o clarão do céu com Ayrá. Senhora da botânica e companheira de Osayn. Teria aprendido com Iyá Ijimú e Iyá Ominibú o mistério da lama primordial. Junto com Ayrá venceu muitas guerras. Carrega a Dojé (facão) para guerra e para colher ervas e raízes. (Por Babá Diego de Odé)


- Akodun: Oyá que seria a versão mais velha de Onira, teria ajudado Osogiyon a entrar no mundo dos ancestrais e a ele deu o àtorí, por esse motivo usa branco e rosa bem claro. É dela o vento que sopra nas plantações e ajuda a fertilizar a terra. Tem ligação com Orisá Okò.


- Iyá Ègbé ou (Iyá Mensan Orún): Mãe dos abikú (crianças que nascem para morrer), são raras as suas iniciadas. É dela o caruru, comida que fez com os retos de Sangò para alimentar os Ibeji. Representa a mãe que amamenta o recém-nascido no orún (céu). Nessa itán não aparece como dividida em nove como Mensan, mas que se dividiu, ou seja, deu a luz a nove filhos.

Com muito carinho,
Babá Diego de Odé 

Especial - Testemunho

Em janeiro de 2016 tivemos um grande Candomblé de Osalá, com muitas obrigações e a casa ficou pequena para receber todos os filhos e amigos. Passado dias, fizemos o ritual do Amalá, para aquecer a casa e dar início ao ano de 2016, como é de costume no Ègbé L’ajò e pedi a Sangò que nos ajudasse a encontrar um lugar maior, com natureza e tudo que uma roça de santo precisa ter de espaço e acesso.
Em três dias tivemos a resposta de Sangò e em sete, graças a Ogún e Esú, já tínhamos o dinheiro necessário para ter o terreno. Foi uma correria, uma euforia, uma felicidade e, entre muitas opções, acabamos fechando com uma localizada no bairro de Mont Serrat - Itapevi, principalmente porque a pessoa que nos vendeu era do asé (não da minha casa) , do orisá e de Sangò, vi aquilo como um sinal, o que me deu mais segurança em colocar tudo que tínhamos nas mãos dessa pessoa, porém fomos enganados, o local não se pode construir, outras pessoas também já haviam caído nessa história e foi aí que meu mundo desabou. Como explicar para as pessoas que tínhamos sido passados para trás? Logo eu um Bàbálorisá, uma pessoa que teve oportunidade de estudar e sabe todos os tramites de uma compra de imóvel. Foram dias de terror, noites em claro, de idas a advogado e delegacia, choramos, suplicamos e tudo o que era possível dentro das leis do homem, foi feito.
Durante esse ano que passou, esse projeto ficou quietinho dentro de mim, me sentia fraco para começar novamente essa história de construir. Foi então que há dois meses, essa vontade voltou e com a ajuda de Ogún, Odé e Sangò, tudo foi reposto. Hoje temos em São Roque, um terreno que é três vezes o tamanho do que o antigo, com fonte de água, luz regularizada e todas as arvores de asé que vão ser necessárias.
Com isso eu aprendi que, devemos sempre pedir as bênçãos do Orisá, mesmo que o caminho pareça seguro. Aprendi que as provações são fortalecedores do caminho da fé e que aquilo que é nosso NINGUÉM tira e principalmente que, ser um homem de asé é acreditar mesmo quando tudo parece perdido e as luzes apagadas, pois é aí que enxergamos a força te temos dentro de nós.
Agradeço os filhos e amigos que me deram sempre força, nenhum desistiu de mim e nem do asé, lutaram bravamente, me protegeram e quero que saibam que, nunca vou esquecer o que fizeram por mim e pelo Ègbé L’ajò.
Obrigado Ogún!
Obrigado Odé!
Obrigado cada Orisá que mora nessa terra, pois tenho o privilégio de louvar e servi-los.

Com amor e muita fé,
Bàbá Diego de Odé

Òsùmàrè - Senhor da Transformação

Como eu havia escrito nos últimos posts, esse mês é dedicado às divindades presentes no Olubajé e não teria como falar da família Jeje sem explanar sobre Òsùmàrè, Orisá do arco-íris, da transformação e de mutação. Existem pelo mundo diversos cultos a Dan, ou seja, a cobra. O fascínio do homem sempre foi grande a respeito desses animais que tanto encantam quanto causam medo e como tudo na natureza, existe um Orisá que representa essa força. Porém achar que Òsùmàrè é uma cobra ou apenas domina os rastejadores, reduz nosso pensamento diante de tantas outras forças que ele representa. 
Òsùmàrè é a mutação, a transição entre a água, a terra e o ar, nasce da lama do fundo do rio e atravessa o limite do universo. Sua ligação com Omolu tem origem em seu nascimento, pois também é filho de Nanã e como os demais filhos, foi criado por Iemanjá e apadrinhado por Olokun, Orisá das profundezas do oceano. Òsùmàrè, tem forte ligação com Òsún, devido a água, seu habitat; com Iroko, pois também é ligado a ancestralidade; e com Ossayn, onde domina o poder de cura. Também possui ligações com Orumilá, onde em muitos itans (lendas), Òsùmàrè aparece como Babálawò, manipulando as forças do destino. Por fim, apresenta ligações com Iku, afinal a morte é uma das principais transformações do Aiyè (Terra). 
É importante destacar, que o uso da cor branca nas vestimentas do Orisá é pelo significado de eternidade, assim como o dourado que é associado ao sol e a riqueza. Òsùmàrè usa a ikó (lança), símbolo de defesa, assim como a adága (espada) e o takará (círculo de metal unido com uma lança), além da dan (cobra) de metal, usada em seu assentamento sempre em par, pois Òsùmàrè é fortemente ligado a dualidade, o macho e a fêmea.
Que Òsùmàrè esteja sempre presente na vida de todos vocês, favorecendo boas transformações e cobrindo a todos de prosperidade. 
Muito asé! 
Babá Diego de Odé
11 4141-067

Esú, Ogún, Odé e Osanyin – União que preserva a evolução


Muitas das itan (lendas) que li durante toda minha vida, tentavam explicar o motivo dos Orisás, Esú, Ogún, Odé e Osanyin serem cultuados juntos e após muita discussão e reflexão, cheguei a uma conclusão que gostaria de dividir com vocês, pessoas que me seguem e me carinhosamente me mandam mensagens para esclarecer dúvidas ou dividir suas histórias.
Esú é o principio da individualidade, sem ele não haveria impulsos, não haveria a vontade ou ao menos saberíamos que estamos vivos, no meu ponto de vista, ele é o primeiro passo. Ogún é o Orisá que dá subsídios para a vida, ou seja, o trabalho, a moradia, as ferramentas para o cultivo da terra e os meios para isso e seu irmão querido, Odé, senhor da caça e da abonança, faz o trabalho do homem valer a pena, trazendo a prosperidade que só é mantida porque adquirimos durante todo esse longo percurso, a experiência que tem como seu patrono, o Orisá Osanyin, senhor das folhas, aquele que guarda em sua cabaça a essência da cura e também o conhecimento ancestral.
A ligação que esses quatros Orisás tem é claramente o que mantem a evolução no planeta, o Impulso, o Trabalho, a Vontade de Prosperar e a Sabedoria, sem esses fatores, estaríamos até hoje nas cavernas, por isso a importância de cultuá-los em comunhão, sendo em seus assentamentos, em suas cantigas ou em seus atos secretos ou públicos, para não esquecermos o valor que tem, o plantar para colher.
Muito axé,

Ensinamento - Qual a “qualidade” do seu Orixá?

Todos que são iniciados no candomblé Ketu, acredito que já devem ter ouvido essa pergunta e o que sempre me questionam é, qual resposta que um yáwô deve dar.
Vou narrar uma história que aconteceu comigo há alguns anos:
Estava acompanhando um amigo zelador em um candomblé de Xangô e havia muitos “mais velhos” presentes, até que entre um “motumbá e outro”, um yáwô bem novinho se aproximou de uma ebomí e se apresentou:
- Benção M. Fulana?! Meu nome é Cicrano de Yèyè Opará.

Ela respondeu prontamente:
- Oxum te abençoe, você também é de Oxum? Quem é seu pai de santo?

E ele respondeu:
- É Pai Betrano de Yá “Gunté”.

Novamente, desta vez em tom irônico ela responde:
- Assim, Pai Betrano de Yemanjá... não, não o conheço.

Após o yáwô ir embora, ela abaixou a cabeça fazendo sinal de reprovação. 
Meses depois, tive a oportunidade de sentar para conversar com essa mesma ebomí, que também é yálorixá e como aquele assunto não havia saído da minha cabeça, relembrei o ocorrido e perguntei o motivo da reprovação e ela me respondeu assim:
“Meu filho, nós vamos para o candomblé para resgatar a nossa essência e aprender a vida, porque nos sentimos peixes fora d’água lá no mundo, aí você chega, faz santo, sabe que tudo nessa estrada se depende do próximo e aí, ao invés de se misturar, de pertencer a um grupo, o camarada quer ser mais que os outros, além de ser raspado no santo, catulado e “adoxado”, não basta, isso hoje em dia é comum demais, se ele não tiver qualidade, cor de kelê e fio diferente, já não tá bom, todo mundo quer se sentir especial e é onde mora o problema da nossa religião, onde o ajé entra nas casas de santo. Vaidade é ter as obrigações em dia, uma roupa de ração limpa e ajudar todo mês a roça, o resto é uma grande bobagem".
Refleti anos sobre essa conversa, pois quem me acompanha já leu muita coisa a respeito de “qualidade”, mas essa visão, também é muito interessante, afinal além do seu babálorixá e você, não interessa a ninguém as particularidades do seu Orixá, por isso, a melhor resposta é:
“Sou de Ogum (Oxossi, Oxum, Yemanjá...), estou dando os meus primeiros passos e não tenho propriedade para falar de "caminhos de orixá", mas sei que sou filho de (........), neto de (........), da nação (.........)".
Essa é a melhor resposta, sua casa de axé é preservada e sua educação de axé também.
Com carinho,
Babá Diego de Odé
(11) 96617-8726
*Ilè Asé Ègbé L'ajò Ògún Èrèguedè

Reflexão - Preservação do Candomblé




Durante esse dez anos de sacerdócio fui aprendendo lições valiosas conforme a observação e aplicação dos fundamentos e atos que vamos agregando, principalmente quando se trata da necessidade de um filho ou parceiro do axé. E o que escrevo hoje não é uma critica a minha religião, longe de mim, pois o Candomblé é a minha vida e tudo o que há nele é importante e me serve, mas expor minha visão sobre o cotidiano e que isso possa ajudar outros irmãos que estão começando a trilhar esse caminho de fé.
Nossa fé ficou muito tempo focada em resistir, seja os ataques dos cristãos, seja político, o que nos manteve unidos, mas atualmente temos que resistir aos irmãos da própria religião, diariamente recebo mensagens de zeladores que reclamam sobre a falta de ética e respeito dentro muitas vezes da própria família de axé, onde aprendemos nos ensinamento ancestrais que se somos de uma única família, teremos a mesma reza do obi, a mesma “mojuba”, ou seja, se a casa do meu irmão não foi boa, a minha também não será, mas no dia-dia não é bem assim que acontece. Eu mesmo já recebi filhos vindos de outros asés e eu digo, há casos e casos e que devem ser devidamente analisados, se isso acontece hoje, minha postura ou de um cargo (Iyáègbé ou Iyáojubonã da casa) é ligar para o zelador e ouvir, caso ele queira, a versão dele, para aí sim, tomar a decisão de abrir as portas para esse novo filho. Infelizmente tive que “apanhar” para aprender e isso não preservar apenas sua família de axé, mas também a própria pessoa que amanhã ou depois não terá manchas em sua história religiosa.
As leis do Candomblé podem não ser escritas, mas são transmitidas oralmente, para aquilo que elas não alcançarem, lembre-se da sua figura religiosa, olhe para o irmão pastor, para o irmão padre e me apoio sempre na seguinte definição:
“O líder religioso tem a função de preservar e de repassar os ensinamentos religiosos, ele é considerado o guardião, aquele que é responsável em transmitir a palavra sagrada que deve ser preservada e repetida, sem traí-la nas suas originalidades.”
Com as guerras “internas” quem perde é sempre o Orixá, que tem sua palavra e culto prejudicados por aqueles que ajoelham e pedem axé, pedem prosperidade, saúde e amor, mas para que? Para amanhã usar isso contra o próximo? Para se beneficiar sempre em tudo ou Orixá não presta ou o zelador não tem axé. O nome disso é mistificação e não podemos mais tolerar isso.
Espero que tenha ajudado e até o próximo assunto. Continuem mandando suas dúvidas inbox ou pelo e-mail, terradosorixas@hotmail.com
Bàbá Diego de Odé
(11) 4141-0167

Reflexão - Resgate



Durante a vida vamos passando por momentos onde nada tem explicação, são crises que vem como tempestades que param tudo, inclusive a nossa capacidade de enxergar uma saída. São nesses momentos que a fé é um fator de transformação, mas se religião for um dos problemas, como fazer?

Primeiro, a fé nunca vai ser um problema, o que pode estar dificultando sua vida são as pessoas, como eu costumo dizer, em uma casa de Orisá somos todos doentes buscando na força da luz do asé a nossa cura, do abiyan ao bàbálorisá, contudo, cada um tem sua força, sua qualidade e unidos em uma boa viagem como determina Ogún na primeira cantiga do sirè – Ogún ajò e mariwò... – conseguiremos vencer todos os percalços de uma vida em comunidade, por esse motivo também temos que trabalhar muito o conceito “Ori x Ègbé” que vamos tratar em um outro post.

Segundo, concordo com o “tudo passa”, o grande negócio é a maneira que vamos passar por aquele momento difícil, por isso desenvolver a essência do seu Orisá é muito importante, por exemplo, se você é de Ogún, por questão evolutiva, deve ser cirúrgico na hora de tomar decisões, praticidade sempre será o melhor caminho, já se você for de Odé terá que considerar sempre o bem-estar de todos que influência e para as pessoas de Sangò, o equilíbrio será predominante em todas as decisões, sendo que nunca poderá perder a liderança daquela situação. 

O jogo de búzios pode sim ajudar, mas tenha a consciência que ao buscar um conselho de Orunmila terá que seguir as orientações quanto a ebós (tratamentos) e também na questão comportamental, nem todo o errado está no outro ou é culpa do momento do pais ou ainda pior, da má sorte, muitas vezes nossas atitudes x comunidade, estão desalinhas, sem sentido e isso gera um fluxo ruim de energia. 

Seja para que momento, busque a fé, pratique e mude sua vida, muitas pedras existiram no caminho de quem caminha atento e tem uma direção determinada pelo orún (céu), aceita pelo ori (eu) e que faz bem a ègbé (comunidade).

Muito asé!
Bàbá Diego de Odé 
(11) 4141-0167 – 9 6617-8726

O Tempo e o Orisá


Agimos como se tivéssemos todo tempo do mundo, como se nunca fossemos morrer, mesmo sabendo que um dia Iku chegará e nos levará. O candomblé é baseado nas forças da natureza, no principio e no fim e aprendemos que não há porque ter medo da morte, devemos respeitá-la e sendo inevitável, nos preparar e valorizar cada dia, cada segundo, nada de prender sua vida a guerras sem sentido, rompa a casca, rompa a barreira do orgulho e seja feliz. 

O tempo é primordial para a evolução da alma, sem ele, sem vida e morte, estaríamos até hoje nas cavernas, entediados, pois mesmo que eu queira viver muito ainda, acredito que não há nada mais deprimente que viver para sempre. O Orisá e o tempo caminham juntos, olhe quantas adaptações o culto a Orisá sofreu e mesmo entre tantas guerras, escravidão, se perpetuou e hoje somos negros, brancos, asiáticos, europeus, ajoelhados perante ao sagrado, não é mágico? Será que se fosse uma mentira, teria chego até hoje?

Valorize seu tempo, viva plenamente e não tenha medo amar, além da inveja, o pior “contra-axé” é a frustação, é o arrependimento, isso mina a vida, te diminui. E a opinião dos outros? É dos outros, já vivi tempo suficiente para entender que escutar é diferente que seguir, é sábio abaixar a cabeça para ouvir um conselho, uma crítica construtiva, mas será uma tolice deixar que fazer, de crescer, de melhorar, porque alguém, que muitas vezes nem te conhece direito, dizer que você está errado e criar em seu ori(mente), barreiras.

Ajoelho para o tempo, mas cultuo Orisá, esse sim é eterno!

Grande abraço,

Babá Diego de Odé


terradosorixas.blogspot.com.br

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...