Durante esse dez anos de sacerdócio fui aprendendo lições valiosas conforme a observação e aplicação dos fundamentos e atos que vamos agregando, principalmente quando se trata da necessidade de um filho ou parceiro do axé. E o que escrevo hoje não é uma critica a minha religião, longe de mim, pois o Candomblé é a minha vida e tudo o que há nele é importante e me serve, mas expor minha visão sobre o cotidiano e que isso possa ajudar outros irmãos que estão começando a trilhar esse caminho de fé.
Nossa fé ficou muito tempo focada em resistir, seja os ataques dos cristãos, seja político, o que nos manteve unidos, mas atualmente temos que resistir aos irmãos da própria religião, diariamente recebo mensagens de zeladores que reclamam sobre a falta de ética e respeito dentro muitas vezes da própria família de axé, onde aprendemos nos ensinamento ancestrais que se somos de uma única família, teremos a mesma reza do obi, a mesma “mojuba”, ou seja, se a casa do meu irmão não foi boa, a minha também não será, mas no dia-dia não é bem assim que acontece. Eu mesmo já recebi filhos vindos de outros asés e eu digo, há casos e casos e que devem ser devidamente analisados, se isso acontece hoje, minha postura ou de um cargo (Iyáègbé ou Iyáojubonã da casa) é ligar para o zelador e ouvir, caso ele queira, a versão dele, para aí sim, tomar a decisão de abrir as portas para esse novo filho. Infelizmente tive que “apanhar” para aprender e isso não preservar apenas sua família de axé, mas também a própria pessoa que amanhã ou depois não terá manchas em sua história religiosa.
As leis do Candomblé podem não ser escritas, mas são transmitidas oralmente, para aquilo que elas não alcançarem, lembre-se da sua figura religiosa, olhe para o irmão pastor, para o irmão padre e me apoio sempre na seguinte definição:
“O líder religioso tem a função de preservar e de repassar os ensinamentos religiosos, ele é considerado o guardião, aquele que é responsável em transmitir a palavra sagrada que deve ser preservada e repetida, sem traí-la nas suas originalidades.”
Com as guerras “internas” quem perde é sempre o Orixá, que tem sua palavra e culto prejudicados por aqueles que ajoelham e pedem axé, pedem prosperidade, saúde e amor, mas para que? Para amanhã usar isso contra o próximo? Para se beneficiar sempre em tudo ou Orixá não presta ou o zelador não tem axé. O nome disso é mistificação e não podemos mais tolerar isso.
Espero que tenha ajudado e até o próximo assunto. Continuem mandando suas dúvidas inbox ou pelo e-mail, terradosorixas@hotmail.com
Bàbá Diego de Odé
(11) 4141-0167
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