sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Vivência - Minha história com Ibeji

Hoje irei repetir uma ação que me acompanha desde o nascimento, comprar os doces de Ibeji, fato esse que me levou a dividir minha história com esse Orixá, alías, Orixás que cuidam e zelam pela infância e que possuem um papel muito importante na minha vida.
Antes de me gerar, minha mãe, a Iyálorixá Rose de Oxum teve uma gestação de gêmeos, que infelizmente foram natimortos e na ocasião, minha família havia se afastado do Candomblé e nada foi feito energicamente, para prevenir nem remedir a situação. Um ano depois, como era vontade dos meus pais, novamente minha mãe engravidou, porém começaram uma série de complicações e minha bisavó, a Iyálorixá Minervina de Ogún (1925 - 2000), voltou para o Candomblé, pois entendeu que isso era reflexo da vida espiritual da família e principalmente da minha mãe.
Após sentar em muitas mesas de búzios e ainda sem entender muito o candomblé, em abril de 1985, minha mãe aos cinco meses de gestação, entrou para o quarto de santo para se iniciar em Oxum, mais velhos da época, como seu Olegário de Omolu, Pai Toninho de Oxum, Mãe Margarida de Yemanjá e outros tantos, acompanharam todo processo, que foi delicado e muito difícil, tanto por saúde quanto por condições financeiras. Meses depois, eu nasci e como havia profetizado Ifá, e se não bastasse a alegria, ainda vim ao aiyè filho de Odé.
Mas as provações não acabaram, do primeiro aos dez anos de idade, eu sofri com um bronquite asmática grave, meus pais se desdobravam entre o hospital, trabalho e casa de axé, nunca os vi reclamar, nem colocar a culpa no Orixá, pelo contrário, serão cada vez mais devotos e sou muito grato a Oxum e principalmente a Ibeji por me dar a vida, por cuidar da minha infância. Iniciei muitas crianças no culto à Orixá, e graças a Olorún, todas estão com saúde, em lares estruturados e crescem felizes e a isso, também sou muito agradecido.
Que Ibeji sempre seja vivo no coração das crianças e de nós adultos, pois a inocência e as lições aprendidas na infância, são eternas e moldam o nosso caráter.
Modupé ase!
Legenda:
1 - Foto: Babá Diego - 2014
2 - Foto: Inicio do sirè do Orukó da Iyá Rose de Oxum.
3 - Foto: Iyá Rose de Oxum e Babá Diego de Odé, recém nascido- 1986. (Cabelinho curto, mais linda como sempre).





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Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...