Acredito que como a maioria dos lideres religiosos, o sacerdócio se manifestou muito cedo na minha vida, uma pré-disposição que foi observada e orientada ainda na infância, pois tive a sorte de nascer em uma família espiritualista e em meio ao Candomblé, Jurema e Umbanda, aprendi a amar e respeitar os Orixás, os Mestres e as Entidades.
Não foi um caminho fácil, principalmente pelo preconceito que no inicio da década de 90 era ainda mais forte que nos dias atuais e a adolescência foi um dos períodos mais difíceis, pois além dos dilemas básicos da idade, ainda tive que enfrentar separação dos meus pais, morte da nossa Iyálorixá e dificuldades financeiras, mas consegui vencer e agradeço pelos cinco anos, dos treze aos dezoito de idade. Considero um período de treinamento intensivo que me ensinou o valor do trabalhado, aliás, tive meu primeiro aos quinze anos de idade, como designer gráfico e também nunca parei de estudar.
Aos vinte anos me tornei pai de um lindo menino e também líder espiritual, não havia iniciado ainda ninguém, mas já cuidava de pessoas e atendia com o jogo de tarô, o que ajudou muito como ser humano e também a construir boas amizades. Nesse período também mudei de axé, ou seja, me integrei a uma nova família espiritual, um tempo de aprendizado e descobertas, onde o Candomblé foi ficando ainda mais forte na minha vida e anos mais tarde abandonaria meu trabalho no setor administrativo de uma multinacional para me dedicar de forma integral ao Orixá, no início senti muito medo, porém Oxossi, meu pai, nunca me abandonou ou me negou a realização de um sonho.
Olhando para trás percebo que tudo foi muito bem planejado por Olorun, dei um passo de cada vez, venci cada etapa e fui me construindo como pessoa e cada problema resolvido é um “bloquinho” na edificação do meu Eu. O sacerdócio é um dom para quem veste a camisa e uma maldição para quem foge de responsabilidades, afinal, cada passo que damos, maior é o compromisso com o divino, ou seja, a escolha é nossa.
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