Em janeiro de 2016 tivemos um grande Candomblé de Osalá, com muitas obrigações e a casa ficou pequena para receber todos os filhos e amigos. Passado dias, fizemos o ritual do Amalá, para aquecer a casa e dar início ao ano de 2016, como é de costume no Ègbé L’ajò e pedi a Sangò que nos ajudasse a encontrar um lugar maior, com natureza e tudo que uma roça de santo precisa ter de espaço e acesso.
Em três dias tivemos a resposta de Sangò e em sete, graças a Ogún e Esú, já tínhamos o dinheiro necessário para ter o terreno. Foi uma correria, uma euforia, uma felicidade e, entre muitas opções, acabamos fechando com uma localizada no bairro de Mont Serrat - Itapevi, principalmente porque a pessoa que nos vendeu era do asé (não da minha casa) , do orisá e de Sangò, vi aquilo como um sinal, o que me deu mais segurança em colocar tudo que tínhamos nas mãos dessa pessoa, porém fomos enganados, o local não se pode construir, outras pessoas também já haviam caído nessa história e foi aí que meu mundo desabou. Como explicar para as pessoas que tínhamos sido passados para trás? Logo eu um Bàbálorisá, uma pessoa que teve oportunidade de estudar e sabe todos os tramites de uma compra de imóvel. Foram dias de terror, noites em claro, de idas a advogado e delegacia, choramos, suplicamos e tudo o que era possível dentro das leis do homem, foi feito.
Durante esse ano que passou, esse projeto ficou quietinho dentro de mim, me sentia fraco para começar novamente essa história de construir. Foi então que há dois meses, essa vontade voltou e com a ajuda de Ogún, Odé e Sangò, tudo foi reposto. Hoje temos em São Roque, um terreno que é três vezes o tamanho do que o antigo, com fonte de água, luz regularizada e todas as arvores de asé que vão ser necessárias.
Com isso eu aprendi que, devemos sempre pedir as bênçãos do Orisá, mesmo que o caminho pareça seguro. Aprendi que as provações são fortalecedores do caminho da fé e que aquilo que é nosso NINGUÉM tira e principalmente que, ser um homem de asé é acreditar mesmo quando tudo parece perdido e as luzes apagadas, pois é aí que enxergamos a força te temos dentro de nós.
Agradeço os filhos e amigos que me deram sempre força, nenhum desistiu de mim e nem do asé, lutaram bravamente, me protegeram e quero que saibam que, nunca vou esquecer o que fizeram por mim e pelo Ègbé L’ajò.
Obrigado Ogún!
Obrigado Odé!
Obrigado cada Orisá que mora nessa terra, pois tenho o privilégio de louvar e servi-los.
Com amor e muita fé,
Bàbá Diego de Odé
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