Culturalmente, o cabelo é um símbolo importante da vaidade, principalmente a feminina e o “hair business” movimenta milhões todos os anos, principalmente em marketing, o que mexe ainda mais com a cabeça e gera uma das questões mais importantes de nossa religião, raspar a cabeça.
A iniciação tem como objetivo levar o noviço a uma reflexão profunda sobre sua vida, sobre a importância da ancestralidade e da natureza, raspar a cabeça é sinônimo de renascimento, de abdicação da vaidade e integração com o orún(céu). Não sabemos em que momento exato da história do culto à Orisá, começou-se a realizar a “catulagem”, mas compreendemos que além de toda simbologia, existia ainda a questão higiênica, afinal ficava-se dias recluso em contato com o ejé, folhas e etc.
Uma pergunta que muita gente faz na mesa de jogo de búzios, é se é possível se iniciar sem raspar a cabeça e minha observação é sempre a seguinte, ogan, ekedy, abiasé e abikú, possuem um outro tipo de resgate na terra, são eles iniciados e “raspar” é uma particularidade que sempre se é confirmada a necessidade, mas para quem nasceu de forma natural e entra em transe, ou seja, é um “totem” de Orisá, precisa preservar a memória ancestral, para que tenha a responsabilidade de carregar o asé, para se lembrar do quanto o Orisá é humilde, o quanto os nossos antepassados sofreram para que a religião chegasse até nós e a retirada do cabelo é um de tantos outros fundamentos tão importantes quanto.
É natural termos medo do desconhecido, por isso é importante o entendimento, cada ato no Candomblé tem seu significado e sua magia. Se inicie por amor, pois mesmo a dor tendo te levado, não será ela que manterá sua fé. Lembre-se que o período é tão pouco pelo tanto que o Orisá existe na sua vida, e quanto ao que os outros vão dizer, uma verdade é que, quem te ama nunca vai te abandonar por sua religião ou porque você ficou careca, se você é um bom profissional, se você é comprometido com a vida, ela será com você e sempre te dará um novo caminho, melhor e que você possa ter sua religião.
Muito asé,
Babá Diego de Odé
terradosorixas@hotmail.com
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