segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Generosidade Espiritual - Oninurere

Generosidade é a virtude de quem compartilha por bondade, é uma plavra de origem indo-europeia que siginifca gerar, fazer nascer. Ou seja, a generosidade espiritual é a capacidade de dividir o que se sabe, as experiências espirituais e “ser luz” no caminho do outro.

Uma das primeiras coisas que falamos aos iyáwò (noiva, iniciados no mistério do orisá) é que eles serão fonte de luz no caminho, e o que isso quer dizer? Que serão representantes do orisá, pois carregam o despertar da divindade para o tempo que estamos vivemos. Obviamente há muita coisa que se reproduz da ancestralidade, como a identidade visual, o dialeto, o comportamento, mas tudo isso voltado ao entendimento do que se carrega dentro de si, afim de produzir na própria existência e de sua comunidade transformações positivas. 

Se os nossos ancestrais não tivessem tido generosidade, não teriam divido o conhecimento das suas divindades com a comunidade onde estavam introduzidos, e provavelmente não teríamos o candomblé, nem o conhecimento que essa cultura nos deixou, e que a cada geração é ressignificado sem perder a essência que é humildade, respeito e sabedoria. 

É muito comum ver nas comunidades de candomblé “mais velhos” retendo conhecimento, pessoas que acreditam que se dividir perde, quando na verdade ao compartilhar o grupo (ègbé) ganha e portanto todos são beneficiados. Assim como sempre existem aqueles que por excesso de boa vontade, acabam falando sem propriedade o que também prejudica o processo. Com isso, entendemos que encontrar o equilíbrio e transmitir apenas aquilo que se tem segurança é o caminho mais prudente e aconselhável. 

Não coloque o lado pessoal a frente da sua espiritualidade, não é porque você não se relaciona bem com aquele determinado irmão que não vai dividir o que aprendeu, existe um motivo para que você tenha o seu caminho espiritual em comum com ele, aprenda com isso, tenha empatia por quem está aprendendo, e não importa o quanto foi doloroso adquirir aquela “palavra’, pois muita gente usa dessa desculpa para não ensinar, faça seu sacrifício valer a pena, melhore o caminho do irmão e todos podem avançar em busca de novos conhecimentos, isso é evolução.

Muito asé,
Bàbá Diego de Odé
Bàbálorisá do Ilè Asé Ègbé Lajò – Itapevi, SP. 





Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...