quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vale Aprender: O poder do Ofó

O Ofó é uma palavra de origem yorubá (ofò), que designa o encantamento através da palavra, que pode ser expressa por versos ou cantigas. Esse é um dom que já nasce conosco, porém é maximizado na iniciação, por uma série de atos realizados em segredo e conforme o seu comprometimento e respeito pelo Orixá, esse poder aumenta.

Eu sempre digo, quem carrega o axé não pode sair por ai falando o que quer ou praguejando ninguém, pois a terra, o vento, o fogo e água nos ouve e justamente por isso que passamos pelos períodos de recolhimento, para aprender e entender o poder do Orixá, pois mesmo sendo de um culto a natureza, não estamos imune a lei do retorno.

A justiça em nossa religião pertence a Xangô, então não há nada melhor que deixar nas mãos dele os inimigos e certamente nossa honra será sempre preservada. Lembre-se, o Orixá caminha com você e ele tem uma consciência maior, então não se preocupe com o que maldizem de você ou falam por trás, ele certamente está olhando e irá corrigir a situação.

Use o Ofó para desejar graças ao próximo, para pedir saúde e interceder na hora de um grande perigo, não jogue esse dom divino ao vento por besteiras ou pedrinhas do dia a dia. O axé é algo precioso e deve ser usado com prudência, ou então de tanto invocar o espiritual para resolver besteiras, vai chegar uma hora que estará desacreditado e sua palavra não terá valor nem para os homens, nem para os deuses.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vale Aprender: O que é um acaçá?


No candomblé, durante os ritos, a nossa individualidade é apresentada simbolicamente ao Orun, pelo àkàsà ou como também é chamado o ekó. Outro significado importante é que ele representa a nossa ligação com o Orixá, que como o alimento, deve ser densa, pura e protegida. 

Ele é feito com a farinha de milho ou a canjica branca batida, que levados ao fogo se torna um mingau branco que é colocado ainda quente na folha de bananeira, que chamamos de ewè ogedè, devidamente limpas e passadas na chama do fogo. O dono do ekó, é Oxalá e aceito por todos os Orixás e também pelos ancestrais, esse alimento é usado por todas as nações yorubás e algumas famílias descendentes dos bantus. 

Não é em todo lugar do Brasil ou até mesmo fora dele, que vamos encontrar a folha de bananeira para fazer o ekó, por isso muitas vezes a ewè ogedè é substituída pela folha da mamona, a ewè lárá, ou como certa vez me disse um mais velho, “meu filho quando não há nem uma nem outra, procure uma folha que nasça em um pé que não tenha espinhos”. 

Existem algumas variações do ekó, como o “acaçá de leite” que é preparado como a massa de manjar e geralmente é usado no Bory, o “acaçá vermelho” que é feito com fubá ou farinha de milho amarela e temperado com um pouco de dendê, e ele é muito apreciado por Exú, Ogum e Odé, ou até mesmo o que é feito massa de feijão preto bem cozido, que é usado em alguns ebós, que chamamos de “acaçá preto”. 

Espero que tenham um ótimo dia e que Ogum proteja a família e o lar de vocês!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fofoca


Uma dúvida que não me sai da cabeça:


- Na fofoca, quem é errado? Quem falou ou o quem parou para ouvir? 



O Candomblé seria muito melhor se cada um tomasse conta do seu Orixá, da sua casa de axé e da sua vida. 



Quando falamos mal do Orixá, estamos indo contra Olorun, 
Quando denegrimos nosso babálorixá, estamos cuspindo no prato que comemos,
E quanto inventamos fofoca dos nossos irmãos, estamos nos abaixando, e como diz o ditado popular, quem muito abaixa, acaba mostrando os fundos.



Tá na hora de crescermos e buscarmos evolução!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Com explicar o que é Candomblé para a família e amigos que não conhecem a religião?


O Candomblé ainda é uma religião que causa estranheza na maior parte das pessoas, isso devido a nossa criação católica, o que a mídia expõe e os tais “ex pai de encosto” que para conseguir fama nas igrejas, inventam histórias sem pé nem cabeça, então decidi escrever sobre isso e ajudar você que está entrando para nossa religião e não tem argumentos para defender sua fé.


- O que é candomblé?
É uma religião de origem africana que cultua a ancestralidade e os elementos da natureza.

- Mas essa religião tem um Deus Principal?
Sim, chamamos de Olorun, o criador e ele nos colocou aos cuidados dos Orixás, que são nossos intermediadores. 

- Mas se existe um Deus, porque não pedir diretamente a ele?
Os Orixás são divindades da natureza, ou seja, são mais próximos de nós e através de sua mitologia, nos educam e nos ensinam a conhecer nossas potencialidades e defeitos. Acreditamos que eles são aspectos do criador.

- E essa história que mata animais?
Se observamos a grande maioria das religiões, vamos encontrar o sacrifico de animais, que tem como objetivo dividir com o Deus o resultado de nosso trabalho. Através da carne comungamos com uma força maior, contudo respeitamos a natureza e só é retirado o que vai ser consumido, tudo é feito mediante a um longo ritual, onde pedimos agò (licença) para retirar aquela vida, que é muito importante, pois é um ser vivo.

- Porque vocês vestem essas roupas engraçadas, se é uma religião africana, porque não usar aquelas roupas tribais?
Nosso culto é de origem africana, porém no Brasil ganhou uma identidade própria, resultado de anos de escravidão e catequização forçada. As saias longas são mantidas dos tempos coloniais, o pano que envolve o seio e o ventre das mulheres, é uma marca das negras da Costa africana, por isso chama-se Pano da Costa e o pano que cobre a cabeça, é usado por acreditamos que a força do Orixá está no Ory, a cabeça, ou seja, uma forma de proteção e destaque.

- E porque essa história de raspar a cabeça?
Na origem, a retira total do cabelo era uma questão de higiene, mas hoje esse ato ganhou mais um contexto, de renascimento, de abdicação da vaidade pela fé, onde buscamos nos religar a nosso Orixá e consequentemente a Deus.

- Mas vocês idolatram o diabo também?
O Diabo é uma figura da mitologia cristã, nós não temos essa força inimiga dentro do nosso culto.

- Mas e Exú?
Exú é uma divindade mensageira, ligada a sexualidade e a semelhança da natureza, ele é luz e escuridão, como tudo que existe, inclusive nós, seres humanos. O que aprendemos dentro do candomblé é equilibramos essas forças, pois o que é bom para um não é bom para o outro.

- Se o Orixá é um Deus, porque quando vocês os recebem, se abaixam para os humanos?
O Orixá é uma inteligência superior e como pais, eles dão exemplo, ou seja, quando estão manifestados, demonstram gratidão, humildade e amor aos seus filhos e aos membros da comunidade. Quando ele se abaixa é em sinal de estar colocando seu filho aos cuidados daquele determinado sacerdote, que defende e se dedica a cuidar do seu filho.

- As danças são ensinadas ou eles já vem com elas?
Nossa religião, ficou muito tempo sendo passada apenas oralmente e para guardamos nossa língua e nossa história, usávamos a dança para passar o conhecimento para futuras gerações, por isso parece tão coreografada, é mais uma herança de um povo que foi escravizado e lutou para manter a cultura e religião de seus ancestrais.

Um boa noite!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Falar sem Conhecer

 
Ontem, durante uma consulta, falamos sobre a questão da imagem e de falar de alguém sem conhecer, onde minha consulente, antes de vim à nossa casa, pediu referências minhas a uma outra irmã da religião que também não me conhecia, e a mesma disse:


- Babá Diego? Aquele do Facebook? Aí amiga, é folclore, esse candomblé que ele prega não existe.

Pois é, porque não existe? Porque não pode existir respeito, dignidade e compreensão no culto aos Orixás. Será que é errado tentar levar para o mundo o lado bom de nossa fé? Eu sei que existe muita coisa ruim aí no mundo, mas isso não é só no candomblé e generalizar é um erro.

Por isso eu digo, não julgue sem conhecer, quem vive do meu lado sabe que o que prego aqui, é que eu levo para dentro do Egbé L’ajò e mesmo sabendo que uma casa de axé é feita de pessoas e inevitavelmente iram surgir sempre problemas, tento de todas as formas minimizar isso e colocar o Orixá sempre em primeiro lugar. Tenho filhos ao meu lado de dez, trinta e até cinquenta anos de iniciados no candomblé, acredito que isso já demonstra a seriedade do que é feito em nosso axé.

Pessoas não são números! E hoje eu sei, os Orixás amam seus filhos, e demonstram esse afeto de várias maneiras, uma delas é através de nós, zeladores, esse é o nosso verdadeiro compromisso.

Boa tarde!

Para quem você anda contando seus planos?


Hoje vou falar de um assunto bastante presente em nossas vidas, que é a respeito de divulgarmos nossos planos e realizações, e minha pergunta é:


- Para quem você está contando da sua vida? 



Com as redes sociais acabamos expondo mais de nossa vida pessoal do que deveríamos, e como babálorixá e consultor espiritual, vou dizer por que isso não é tão bacana.

Nós do candomblé, acreditamos no Ory e no seu poder, que seria a nossa capacidade de mentalização e consequentemente de gerar energia, onde emitimos essa força tanto de forma negativa quanto positiva e como isso nos afeta?

Exemplo, você chega no trabalho e conta aos seus amigos que vai fazer uma mega viagem para Chicago, pois mesmo ganhando o mesmo que os outros ganham, juntou, apertou e finalmente vai realizar esse sonho, entre esses “colegas” que vão ouvir, um ou dois se sentiram incomodados e consciente ou inconscientemente vai gerar um pensamento negativo como:

“Porque eu não consigo?”

Ou, “nossa ele é abençoado e eu não”, e se naquele dia você estiver com sua “imunidade espiritual” baixa, vai acabar recebendo essa força, o que pode gerar obstáculos para o seu tão sonhado desejo de viajar. O que estou falando não é suposição, e algo que nesses anos que atendo, já vi muito.

Eu oriento meus clientes e filhos de Orixá da seguinte maneira:

Para Família: Divida seus medos, seus planos e divida suas realizações.

Para os Amigos: Conte seus planos e comemore suas realizações.

Para os Conhecidos: Só fale as metas já realizadas, afinal não há nada mais satisfatório que gritar ao mundo: Eu superei e venci!

Mais uma vez, cuidado com o que você fala da sua vida, tem gente que recebe o seu Sucesso como ofensa, pois por falta de esforço e capacidade se acomodam em simplesmente “parasitar” a vida dos outros.

Agradeço o carinho de todos e saibam, meu papel na vida de vocês ajudar-vos a encontrar sua felicidade!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Procurar Ajuda Espiritual – Como funciona?


Muita gente me escreve com diversas duvidas sobre como funciona a “ajuda espiritual”, ou seja, procurar um zelador de Orixá para resolver uma questão pessoal. São tantas histórias ruins que fico até assustado.


- Qual é o papel do Babálorixá?



O papel desse sacerdote é “defender” espiritualmente você, onde apresentará aos Orixás oferendas pedindo a intercessão, assim provocando uma energia que vai agir na situação. Ele vai analisar seu caso mediante uma consulta com jogo de búzios, que entre muitas coisas, serve para que possamos saber quais energias envolvidas e se houver indicação de algum trabalho (ebó) que pode ser feito para positivar ou negativar uma situação, ele vai te falar. 

- Mas porque é cobrado?

Por que a consulta e os ebós, levam tempo, atenção e dedicação para serem feitos, além da “carga” negativa que absolvemos durante esses rituais, afinal estaremos invocando da natureza uma energia para mudar os resultados de um determinado problema. Se o seu tempo é precioso o do outro também é.

- Qual o papel do cliente?

Como eu costumo dizer, dinheiro é suor prensado, por isso antes de procurar uma pessoa para cuidar de você espiritualmente, procure referências, veja a história dele e sua postura. Peça informações, sobre que tipo de trabalho vai ser feito, em que nação, com qual Odú, Orixá ou entidade. E após feitos os devidos trabalhos, entre em contato pelo menos de quinze em quinze dias para ter um feedback, pois dependendo do ebó, ele precisa de manutenção.

Dica: Só pague o trabalho sem o vê-lo se você tiver absoluta confiança em quem está cuidando de você.

- E se demorar ou não funcionar?

Quem lida com energias sabe que não é uma tarefa fácil, afinal são destinos que se cruzam como um emaranhado de longos fios, delicados como os do cabelo. Nós, babálorixás, agimos no meio da situação, ou seja, surge um problema, você não consegue resolver sozinho, tenta novamente e aí procura uma ajuda do “além”, onde na grande maioria a história já vem correndo há meses. O que vamos fazer é buscar a melhor “receita”, o caminho mais curto para que o Orixá aja na sua vida e isso não é como tirar o coelho da cartola, requer muita dedicação e as vezes paciência. Nenhum consultor espiritual de respeito, promete resolver uma situação em sete dias, isso é charlatanismo. Eu sempre digo, se foi feito o que é devido, se você tomou a postura correta e teve pensamento positivo e fé, não tem porque não dar certo.

Dica: Converse com seu consultor, veja o que atrapalhou o caminho, se vale a pena ainda lutar, mas sempre cuide de você em primeiro lugar, se Olorun não permitiu que aquela graça fosse recebida é porque era o melhor para sua existência.

Hoje o mundo está cada vez mais dinâmico e a concorrência não está fácil, por isso ter uma assessoria espiritual séria é muito importante, ela vai te colocar um passo a frente e trazer energia positiva para sua vida, mas tome muito cuidado, pois hoje em dia, todo mundo quer ser pai de santo, esquecendo que essa é uma vida de dedicação e comprometimento e não uma brincadeira.

Boa tarde!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Nosso Lema:


Crescimento Espiritual


Boa tarde a todos,


Começo essa semana com muitos afazeres e grandes responsabilidades. 
Para iniciar vamos a uma reflexão:



O Objetivo de um filho (a) de santo é alcançar a harmonia com o axé e atingir a integração com seu Orixá, para isso existem ferramentas que vão auxiliar no crescimento espiritual do omo-Orixá, e elas são:

- Rumbè: Conjunto de regras que tem como função, educar os filhos dos Orixás, ensinando-os a conviver em grupo, a respeitar os mais velhos e compreender e ajudar os mais novos.

- Pai ou Mãe de Santo (Babálorixá ou Iyálorixá): Mesmo uma casa que tenha mais de uma liderança religiosa, como o Egbé L’ajò, se é iniciado por uma única pessoa, sendo as demais que ajudam, igualmente importantes, porém, somos responsabilidade de um único Pai ou Mãe, que tem a função de orientar, conforme sua vivência e aprendizado, a conduta do omo(filho). 

- Egbomy: Os seus mais velhos, são seus exemplos, mas isso não quer dizer que eles sempre estarão certos, afinal o aprendizado no candomblé é eterno, siga sempre os bons exemplos, os que agem com educação e postura séria, quanto mais velho de “santo”, mas humilde e receptivo ele tem que ser, pois só quem passou por tudo, sabe o quanto é difícil superar as dificuldades de ser um iyawò.

- A Egbé: A comunidade, é formada por pessoas de várias idades, classes sociais diferentes e isso tudo, dá ao candomblé uma grande diversidade, o que muitas vezes pode tornar a convivência, um desafio, mas tenha em mente que seu papel na casa de Orixá, é desenvolver sua espiritualidade e compreender sua existência, fazer amigos, é consequência e não deve ser colocado em primeiro lugar, pois cedo ou tarde você vai se decepcionar com as pessoas e isso pode atrapalhar sua conduta religiosa, ou seja, Orixá e meu zelador em primeiro lugar!

Como eu costumo dizer, ser humilde não é ser besta, não aceite humilhação, tapa na cara, nem baixaria, isso não é do Orixá. Quem não está pronto para ter comprometimento, respeito e educação, não deve entrar para o candomblé, pois zelador nem um de respeito, irá tolerar malcriações nem falta de índole, afinal ele zela pelo bem estar do Egbé, muitas vezes, para proteger o rebanho, terá que matar o lobo.

Tem muita gente que não viveu candomblé, não superou a dificuldades, querendo dar aula ou reclamando da religião, o que acaba denegrindo a imagem do culto e de pessoas sérias. Pensem bem antes de falar contra seus zeladores, pois existe uma energia chamada Iyámin Osorongá, que observa nossos juramentos e assiste cada passo que damos, e com elas não são enganadas pelas nossas palavras.

Uma ótima semana e aproveito para agradecer todo o carinho das centenas pessoas que curtem e compartilham as frases e fotos de nossa casa, fico muito feliz em contribuir para nossa religião.

Babá Diego de Odé
11 – 4141-0167

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...