segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Testemunhos de fé


Organização e Iniciação no Candomblé

Apesar da ascensão das igrejas evangélicas e todo o preconceito que a nossa religião sofre, observo nos últimos anos um número cada vez maior de pessoas que querem se iniciar no Orixá por amor, por acreditar na nossa fé, o que há décadas atrás não acontecia, pois o nosso culto era apenas uma “UTI” pós Umbanda ou Kardecismo, mas se iniciar em uma religião tão complexa, precisa de uma preparação, organização e muito compromisso.
O primeiro passo é sempre a consulta ao merindilogun (jogo de búzios), ele vai indicar que Orixá você irá se iniciar, qual o seu caminho na religião (iyáwò, ogan, ekedi...), e aí sim é feita a sua “lista”, que vai conter tudo que é preciso para o seu período de recolhimento. Eu sempre aconselho meus filhos, que comprem tudo com muito amor, dedicação e dê o melhor que puderem, afinal o Orixá merece o que é bom e principalmente, duradouro. Alerto que aqui estou tratando de quem entra por AMOR e não por necessidade, ou seja, está passando por um problema grave de saúde e vai precisar renascer para que o Orixá possa agir em sua vida, nesses casos a comunidade, família e amigos ajudam.
Cada detalhe é importante, da esteira a “roupa da orunkó”(roupa usada no evento publico) e nada precisa ser luxuoso ou ostensivo, e sim preparado com amor e capricho, afinal esse será um grande passo em sua vida, para mim é maior que noivar, casar ou se formar na faculdade, pois é ter o reconhecimento da terra e também do céu, um momento único que deve ser marcado pela emoção, respeito e muita alegria. Então você que está se preparando para fazer seu Orixá, corra atrás, peça ajuda sempre dos seus mais velhos e principalmente do babálorixá, para que tudo seja de axé em sua vida, e uma palavra que carrego comigo que uma egbomi de mais de quarenta anos de Orixá me disse uma certa vez:
“Meu filho, o iyáwò para ter axé em sua vida, precisa se sacrificar, apertar o bolso, pois para tudo se tem, porque na hora do Orixá, que é a nossa base, vamos fazer com miséria? Cada tostão é recompensado, cada gota de suor pelo Orixá é um ano de vida”.
Organização é a palavra que vai te guiar, pois nada melhor que deitar nossa cabeça na esteira com tudo certinho e arrumado, sem preocupações.
Muito axé e uma ótima segunda-feira.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Medo, seu pior inimigo!

Não tenha medo de ser feliz, não tenha medo de enfrentar a vida, essas são frases clichê, mas que possuem uma verdade incontestável, o medo pode ser seu pior inimigo. Eu sofri muito tempo com medo, medo de falar o que eu penso, medo do julgamento das pessoas, medo de perder pessoas e hoje eu vejo que tudo isso é uma grande besteira. O medo precisa ser o nosso aliado, ele é quem determina o que é importante ou não para nossas vidas.
A grande maioria das pessoas que eu atendo, tem medo das “más línguas”, da inveja e de serem traída, e sempre aconselho o seguinte, viver é um jogo, onde você ganha, perde e acumula pontos, cada etapa vencia ou superada, deve te fazer melhor e mais seguro, pois tem algo pior que viver na “corda bamba”? Estar casado e não confiar, ter um emprego e saber que a qualquer hora pode ser dispensado ou se iniciar e não saber que vai ou não continuar naquele axé? Esses dilemas fazem parte de toda a nossa vida, mas levante a cabeça e enfrente.
Quanto a opinião das pessoas, ouça o que vai te agregar, pois pessoas tem língua e falam o que querem e o melhor ”tapa” que você pode dar na cara delas é ser feliz, é aquilo que elas perdem tempo, tramando e discursando, não fazer nenhum sentido no seu caminho e acredite, o próprio tempo vai mostrar a elas. nada de retrucar e retribuir na mesma moeda, isso é se rebaixar, é viver de forma pequena demais e uma vida de sucesso não permite que você pare tudo, toda vez que receber uma critica ou falarem algo de você, agora se isso passar do limite, aí sim, tome medidas sérias, mas não aquelas bestas de criar fakes, de ficar ligando para fulano ou beltrano.
O sol nasceu para todos, corra atrás, estude, faça amigos, aprenda axé, pois a vida passa rápido demais e não sabemos quanto tempo mais nos resta, por isso, viva a sua vida, a sua história e não a dos outros!
Que Exú abençoe nosso caminho e nos proteja.

domingo, 18 de janeiro de 2015

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O Sentida da Oferenda

Em quase todo mito yorubá encontremos menção à oferendas aos Orixás e esse é um costume da maioria das religiões antigas que nós, do candomblé, herdamos e eu particularmente vejo como um ato muito bonito, dividir sua mesa, aquilo que colhemos com o Orixá tem todo sentido, pois acredito que sem ele nada é possível, contudo a crença de ofertar é muito maior que fazer uma comida ou dar osé no seu igbá, você precisa sentir a magia do axé, dar o melhor de você, com carinho, atenção e dedicação, afinal não é isso que você espera do seu Orixá?
No nosso culto, temos louças, precisamos de grãos e etc, tudo isso custa dinheiro e cada vez mais o que é para nós que cultuamos Orixá, é ainda mais caro, um obi R$ 5,00, uma boa sopeira, R$ 180,00 e por aí vai, isso sem falar das despesas de uma casa de axé, como água, luz, telefone... E evidentemente como vivemos em uma realidade física isso tudo é muito importante, mas não tudo e eu aprendi isso vivendo axé, pois antes de ser babálorixá eu acreditava que bastava seguir a "cartilha", participar, dar obrigações e ponto, mas vejo com a experiência que não, é muito mais, é ter o Orixá como parte de você e não como uma dúzia de pratos que de vez enquanto você passa um paninho encardido, ou deixa jogado no canto até um irmão de axé limpar ou seu zelador desmontar, por que é muito triste ver algo que demorou tanto tempo para ser feito e cultuado, tratado com total descaso.
Siga o verdadeiro Orixá, abra sua cabeça para entender o sentido que há em cada fundamento, em cada itan ou oriki, não feche seus olhos ou se limite em seguir apenas o que te dizem ser o correto, reflita, olhe com o coração e veja o verdadeiro Orixá. Somos eternos aprendizes e eu ainda quero aprender muito, mas vejo tanta gente falando besteira, se expondo, deixando de lado o tempo precioso que tinham e poderia ser dedicado a fé, mas que é usado para alimentar o rancor, ódio e fofoca que nada constrói.
Um grande abraço a todos e obrigado pelo carinho de sempre!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Orixá tem gosto?

Essa é uma pergunta que sempre me fazem, ou seja, o Orixá escolhe o que vai vestir, o que vai usar e etc. E a minha resposta é muito direta, SIM, pois as forças da natureza, como a água, como o fogo, o ferro, o vento... tomam consciência através do nosso culto, o nosso tempo e principalmente mediante a nossa ancestralidade, isso não explica apenas o gosto, mas a forma de se manifestar e o que oferecemos dentro do quarto de axé. Eu costumo dizer que eu não posso vestir Oxum de roupas pretas ou Lufan de vermelho, afinal eles possuem sua origem e já existe um culto para ampará-los, então para que eu vou desrespeitar o que meu antepassados já tinham como verdade?

É notável a diferença entre um filho que compra as coisas do seu Orixá com gosto e sacrifício daquele que compra com dó, que só reclama e que diretamente ou indiretamente, joga na cara do seu próprio Orixá o que ofertou. Antes eu passava por cima, entendia, mas hoje não, se não for para fazer com gosto, com amor e dedicação, eu alerto para não fazer, aliás nem entrar no axé, pois o Orixá houve nossos pensamentos, nossas dúvidas e anseios e certamente o omo-Orixá não vai ter bons resultados em sua vida, pois quem planta miséria colherá seus frutos e isso só não se aplicará as pessoas que realmente não possuem condições financeiras e oferta o que pode, para esses a compreensão e compaixão do Orixá existe e a comunidade observando a necessidade, tem que ajudar, mas tem sentido a pessoa dizer que nunca tem condições para a religião e na sua vida particular ostentar? Sempre tem dinheiro para beber, comprar roupas novas e etc. Acha que está enrolando quem? Depois a vida não vai para frente e o Orixá e o babálorixá é quem não presta, quem deixou de fazer fundamento e etc.

Então eu reafirmo que sim, o Orixá observa o cuidado e amor que você teve em fazer as coisas deles, que seja, por exemplo uma roupa feita de morim, mas que esteja limpa, engomada e bem passada, não dê qualquer coisa, não feche a mão para quem está sempre te protegendo, dê o seu melhor e receberá sempre o melhor. Quem convive comigo há anos sabe que nunca tive dinheiro para esbanjar, mas para Oxossi e os demais Orixás, seja parcelado, seja juntando, nunca deixei de dar o melhor que eu pude e não me arrependo jamais, pois se eu tenho caminhos, braços e inteligência, é porque ele me deu e isso já é por si um milagre na minha vida.

Seja feliz no Candomblé, reze, participe e oferte, assim é em nossa fé e em qualquer religião que você for seguir seriamente, mas tome cuidado apenas para não carnavalizar e colocar seu Orixá em ridículo. Bom senso!

domingo, 4 de janeiro de 2015

E vamos começar logo 2015...

Começa um novo ano e com ele a vontade de fazer diferente, de renovar a vida, mas sinto muito em dizer que a coisa não é tão fácil assim, somos a soma dos erros e acertos vividos e isso não vai mudar em um triscar de dedos, teremos sempre que nos esforçarmos para conseguir o equilíbrio, pois o tempo marca e deixa cicatrizes poderosas, que devem servi como exemplo ou podem ficar escondidas debaixo de uma maquiagem, que logo é retirada pelas lágrimas.
O Orixá e o axé estão em nossas vidas para dar sentido a todo sacrifício e consequentemente às nossas vitórias, não vejo o Orixá como uma força contrária ou que boicota os nossos planos, sei que existem mistérios e o que nesse momento não faz sentido, amanhã com certeza entenderemos. A nossa fé é tão bonita, tão cheia de encanto e como os antigos dizem, Ifá nunca nos diz não, ele sempre nos orienta, só não podemos querer que ele diga aquilo que queremos ouvir ou faça mágica.
O tempo que nos dedicamos a nossa fé, não é cronometrado ou vira “bônus” para exigirmos o que nós achamos ser importante, pois teremos que ter confiança no Orixá e nas mãos dele entregar o que os nossos olhos não conseguem enxergar, o que as nossas mãos não conseguem agarrar ou os nossos pés alcançar, esse é o candomblé que eu conheço, pois tudo que eu construí não foi a sorte quem me deu e sim minha insistência e a minha capacidade de admitir meus erros e conseguir ver as minhas potencialidades e sei que essa força, aquela que vem de dentro, foi Odé quem me deu e só por isso já sou muito grato.
Aprendi esse ano que passou, que durante a vida de um zelador de Orixá, vamos ter que respeitar a vontade e a decisão de alguns filhos, mesmo não concordando, mas nem por isso deixamos de amá-los ou admirá-los e sim que estamos tratando-os como adultos.

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...