segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Glamour no Candomblé – O que é certo ou errado?

Vejo que quando o assunto é o que se deve ou não usar de roupas e adornos em nossos rituais, as opiniões são bem divididas, há quem defenda que se deve usar muito brilho, paetês e pedrarias, já outros dizem que o Orixá é simplicidade e que precisamos seguir os “moldes africanos”. Eu sigo do principio que devemos oferecer sempre o melhor ao nosso Orixá, e quando digo melhor, não quero dizer maior ou mais escandaloso, pois acredito que como todas as religiões, devemos nos ajustar ao tempo e ao espaço em que vivemos, não foi isso que os nossos antepassados fizeram quando vieram da África? 


Entretanto, há de se ter bom senso, existe uma liturgia e costumes ancestrais, que nos guiam e que devem ser consideradas na hora de se vestir ou adornar seu Orixá, para não o colocar em ridículo e carnavalizar nossa crença, correndo o risco de descaracterizar os nossos dogmas. Mas voltando ao ponto do “moldes africanos” ou movimento de “reafricanização”, como alguns preferem chamar, fico pensando, se somos uma união de tribos africanas, qual devemos seguir ou nos basear? Se somos de nação Ketu, seria então os povos iorubas, mas sabendo que esses povo sofreu intensa influência muçulmana, não estaríamos mais uma vez reféns de outra doutrina, a exemplo da já “superado” sincretismo católico que tanto marcou o candomblé?.



É importante pensar primeiramente na situação financeira desse omo-Orixá, pois muitos deixam de comer para ostentar, comprando roupas luxuosas que não são condizentes com sua vida, concordo que deve existir um padrão a ser seguido, afinal seguimos uma doutrina, mas não podemos deixar os filhos dos Orixás serem massacrados pelo consumismo exacerbado que invade a nossa religião, pois se pano fosse sinônimo de axé, procuraríamos um dono de confecção e não um babálorixá para nos cuidarmos.


Pensem nisso e lembrem-se que a Fé está em nossas vidas para nos guiar e nos proteger.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Iniciação na Umbanda tem validade no Candomblé?


Essa é uma das maiores indagações da sociedade do Candomblé e uma das perguntas mais frequentes que recebo através do site e blog. É um assunto polêmico, como tudo que envolve regras em nossa religião, pois somos resultado de uma mistura de povos, culturas e querendo ou não, uma nação afrodescendente influenciou a outra, formando assim um conjunto de costumes religiosos que são passados ainda oralmente.


A Umbanda é geralmente a porta de entrada para que muitos conheçam o Orixá e mediante a necessidade ou curiosidade, muitos migram para o Candomblé e é então que surge a dúvida, os anos de permanência na Umbanda, valem para o Candomblé? 

Nesse caso precisamos ter bom senso e analisar bem a situação, hoje existem casas de Umbanda onde o Babálorixá (ou Iyálorixá) é iniciado no Candomblé (Ketu, Angola, Jejè, Egbá, Efon...) e transmite aos seus filhos o que recebeu, obviamente com a influência da doutrina que pratica. Vamos supor que um filho dessa casa decidi ir para uma casa de Candomblé, ele vai sentar perante ao Merindilogun (jogo de búzios) e o Babálorixá terá que perguntar aos Orixás se essa pessoa é ou não vinculada ao seu Orixá e se os fundamentos pelos quais ela passou foi ou não aceitos dentro da nação que ele é. A partir desse momento Ifá irá orientar no que deve ser feito, iniciação ou obrigação.

Devemos ser criteriosos, não por desconfiar ou menosprezar a Umbanda e sim para respeitamos os nossos dogmas, entretanto a vontade do Orixá é a nossa lei e ela precisa ser respeitada acima de qualquer coisa. Há muitos babálorixás que não levam a determinação do Orixá em consideração e por medo do que os outros vão falar, iniciam novamente pessoas vindas de outras nações, que acabam tendo suas vidas totalmente prejudicadas, pois o Orixá foi magoado e seu axé desprezado.

Fica apresentada a minha opinião sobre o assunto e reforço que não há verdade absoluta no campo religioso, cada caso é um caso, cada situação precisa ser vista e revista, pois precisamos pensar no bem estar desses omo-Orixás, são vidas, são seres humanos e acima de tudo são cabeças escolhidas pelo que há de mais sagrado em nossa crença, o Orixá.

Uma ótima quinta e que o Caçador não deixe faltar abonança nem paz em seus lares.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Orixá Exú - O Dono do Comércio


Sendo o primeiro Orixá a ser cultuado, Exú é o mensageiro, ele é a ponte entre os dois mundos, o ayè (terra) e o orún (céu) e isso é representado mediante a cabaça que hora é usada inteira representando essa união, hora quebrada, como símbolo de desprendimento, pois Exú é aquele que não se prende, não se domina. Seu símbolo também é pênis ereto, símbolo da fertilidade e geralmente apresentado adornado de búzios, que dentro da simbologia ioruba é o sémen, liquido sagrado que conduz o fruto da vida. 


Exú é o dono do comércio, da troca, assim é sua relação com os homens, para que as oferendas sejam devidamente entregues a cada Orixá, antes Exú precisa receber as suas. De gosto variado, o Senhor dos Caminhos recebe toda comida e até mesmo o ebò (canjica branca cozida), que é de Oxalufã, seu contra-ponto, lhe é dada com os devidos atos. O trecho abaixo, retirado de um oriki, demonstra a relação de escambo com Exú.

"A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò,
Quem tem dinheiro, reserva para Exú a sua parte,
A kìì lóyò láì mú ti Èsù kúrò,
Quem tem felicidade, reserva para Exú a sua parte.
Asòntún se òsì láì ní ítijú".

Como Orixá da pluralidade, Exú recebe vários nomes, sendo Osétùrá, Òdàra, Àkesán alguns deles, cada um tem sua forma de ser cultuado, isso devido ao fato de que segundo uma itàn, Exú teria sido divido em vários fragmentos por seu pai e cada pedaço caiu em uma tribo, por isso ele é considerado o guardião. 

Para quem é empresário ou trabalha na área comercial, busque a ajuda do Orixá Exú para abrir seus caminho e te trazer clientes, obviamente com as devidas oferendas e em um lugar sério, você terá bons resultados.

Muito axé a todos!

Babá Diego de Odé
11 4141-0167
Whatsapp 11 96617-8726

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Reflexão do Dia dos Pais


A figura de Pai, sempre foi muito importante na minha vida, tenho um pai carnal maravilhoso, que me criou com muito carinho, durante um tempo em minha vida, ele esteve distante, não por vontade dele, mas pelo meu egoísmo em achar que o que eu escolhi para minha vida, não iria condizer com aquilo que ele esperava de mim, infeliz decisão, pois hoje somos grandes amigos. 


Em outro momento a figura de pai foi fundamental, quando eu perdi minha bisavó, que também era minha Iyálorixá, Olorun como sempre, não me deixou desamparado, e me colocou no colo de uma Oxum e seu filho Pai Toninho de Oxum, cuidou de mim, até a maioridade, literalmente, zelou por mim e pelo meu Orixá, e serei sempre grato, por obra do destino, acabei seguindo outros caminhos e era a hora de mudanças, então encontrei o Pai Toninho de Xangô, que arriou minha obrigação de odú ejè, um dos momentos mais especiais da minha vida, muitos dizem que foi para a casa dele, para ter nome e status, mas aqueles que estavam do meu lado sabem, que não foi por isso e sim por ele ter uma história de vida, muito próxima a minha, pois veio de Egbá, assim como minha bisavó, era de Pernambuco e enfrentou muitas dificuldades e preconceito, assim como eu. Hoje mesmo não estando mais frequentando o axé, gostaria de deixar aqui os meus sinceros agradecimentos, por ele ter me dado caminhos e dizer que mesmo não estando mais perto, o amor e o respeito continuam.

Agradeço aos meus pais, Ed Joel, Pai Toninho de Oxum e Pai Toninho de Xangô, por terem me carregado no colo, e me feito uma pessoa melhor. Aproveito para agradecer também os meus filhos que organizaram no sábado passado um jantar maravilhoso em minha homenagem, vocês são maravilhosos!

Muito axé e que essa semana uma semana de muitas realizações!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Cumprir o Preceito

Após o orunkó (nome), o iyawò (o iniciado), na maioria das vezes, segue para cumprir o preceito em sua casa e é dado a ele uma série de proibições, onde cada uma tem um sentido e é muito importante que o iniciado siga a risca todas as determinações , pois são preceitos centenários e que vão ser decisivos para o crescimento espiritual do omo-Orixá.


O contato com esse novo mundo, muitas vezes será estranho e até se acostumar com a filosofia de vida do Orixá, você precisará se esforçar muito, tanto para criar o hábito quanto para não esquecer de cada instrução que foi passada pelos mais velhos, mas o que importa realmente para seu Orixá é sua determinação, coragem e amor com que realiza cada paó, cada banho de “canequinha”, cada vez que você cobre a cabeça e coloca seus adornos e assim por diante.

Esse período passa rápido e como zelador eu digo, vale muito a pena fazer tudo direitinho, pois ser do Orixá é maravilhoso e cada sacrifício, cada privação constrói um futuro melhor, mais saudável e muito mais feliz. Cada um fazendo sua parte, não tem porque sua vida não dar certo e você não crescer, pois o Orixá quer ver sua vitória!

Um ótimo dia e que Xangô nos proteja da calúnia e das más línguas.

Sobre abikú

 Salve, salve leitores do Terra dos Orixás, a muito tempo eu não escrevia, mas decidi voltar a dividir o meu cotidiano e pesquisas com vocês...