segunda-feira, 14 de março de 2022

Sobre abikú

Reflexões sobre o Abikú: O Propósito e a Comunidade Salve, queridos leitores do Terra dos Orixás! Após um período de reflexão, decidi retomar o compartilhamento das minhas experiências e estudos com vocês. Ultimamente, tenho ponderado profundamente sobre o sentido e o propósito de nossa existência neste mundo, questionando o que estamos fazendo com o dom que Olorun nos concedeu. Hoje, meu dia foi preenchido com compromissos fora do asé, e, durante o trajeto, uma conversa espontânea com meus filhos espirituais trouxe à tona um tema recorrente, porém frequentemente mal compreendido: o abikú (abi: nascer, ikú: morte). Essa questão é complexa, pois, embora todos nós tenhamos consciência de que nascemos para a morte no sentido físico, a eternidade da alma nos convida a um entendimento mais profundo. O abikú, em sua essência, é uma alma que vem ao mundo com um propósito claro: retornar rapidamente à sua comunidade do orún (ègbé orún). Desde o nascimento ou mesmo nos primeiros anos de vida, esses indivíduos carregam um conhecimento intrínseco de sua missão. No contexto das culturas yorubas, a ideia de que cada ser humano pertence a uma comunidade no céu é fundamental. Assim, nossa jornada na Terra se torna uma busca pela dualidade e pelo equilíbrio entre o EU e o NÓS, que se inicia na fecundação, onde as energias masculina e feminina se entrelaçam, carregando consigo toda a ancestralidade de ambas as linhagens. Nos últimos anos, a crescente presença de "abikús" tem gerado discussões e, lamentavelmente, uma banalização do tema. Questões como a depressão têm sido equivocadamente associadas a essa experiência, o que revela a necessidade de um olhar mais atento e respeitoso sobre esse fenômeno espiritual. É crucial que não tratemos o abikú como uma mera curiosidade, mas sim como um mistério que exige investigação e compreensão. Como nos ensina o renomado autor e estudioso das culturas africanas, “[...] a vida é um entrelaçar de histórias e memórias que nos conectam a nossos antepassados e ao futuro que estamos construindo.” Portanto, o que construímos em nossa passagem por aqui, independentemente do tempo, é a marca que deixamos para as gerações futuras e para a ancestralidade que estamos formando. É essencial que, em vez de nos focarmos apenas nas dores que carregamos, também nos atentemos ao que desejamos deixar como legado neste mundo. O estudo sobre o abikú é uma jornada que continuará, e a cada nova descoberta, estarei aqui para compartilhar com vocês. Até amanhã, queridos elefantinhos! Que possamos sempre buscar a luz e o conhecimento em nossas caminhadas espirituais.

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