domingo, 27 de abril de 2025

Salve, salve, queridos leitores! Neste último xirê Egbá, a emoção foi palpável ao celebrarmos os 49 anos de fundação do Ilê Axé Egbé L'ajô. Não há palavras que consigam capturar a grandiosidade desse momento, repleto de fé, gratidão e conexão com nossos ancestrais e orixás. Primeiramente, gostaria de expressar minha profunda gratidão a Ogum, o orixá que nos proporciona o espaço sagrado para cultuar nossos deuses e expressar nossa espiritualidade. Sua força e proteção são fundamentais para que possamos seguir firmes em nossa jornada. Neste dia especial, não posso deixar de homenagear nossa matriarca, Mãe Minervina, nossa Yálorixá, avó e bisavó. Tenho plena certeza de que ela está nos braços de Olorun, observando-nos e zelando por todos nós, guiando-nos com seu amor e sabedoria. Sua presença é sentida em cada canto do nosso axé, lembrando-nos da importância de manter viva nossa história e nossas tradições. Agradeço a todos que estiveram presentes nessa celebração, a cada um que contribuiu para que esse xirê fosse tão especial. É através da união e do amor que conseguimos construir uma comunidade forte e vibrante, onde a espiritualidade e a ancestralidade se entrelaçam. Desejo a todos um ótimo domingo! Que possamos continuar a trilhar o caminho da luz e da sabedoria que nossos orixás nos proporcionam. Até a próxima! Axé!

segunda-feira, 14 de março de 2022

Sobre abikú

Reflexões sobre o Abikú: O Propósito e a Comunidade Salve, queridos leitores do Terra dos Orixás! Após um período de reflexão, decidi retomar o compartilhamento das minhas experiências e estudos com vocês. Ultimamente, tenho ponderado profundamente sobre o sentido e o propósito de nossa existência neste mundo, questionando o que estamos fazendo com o dom que Olorun nos concedeu. Hoje, meu dia foi preenchido com compromissos fora do asé, e, durante o trajeto, uma conversa espontânea com meus filhos espirituais trouxe à tona um tema recorrente, porém frequentemente mal compreendido: o abikú (abi: nascer, ikú: morte). Essa questão é complexa, pois, embora todos nós tenhamos consciência de que nascemos para a morte no sentido físico, a eternidade da alma nos convida a um entendimento mais profundo. O abikú, em sua essência, é uma alma que vem ao mundo com um propósito claro: retornar rapidamente à sua comunidade do orún (ègbé orún). Desde o nascimento ou mesmo nos primeiros anos de vida, esses indivíduos carregam um conhecimento intrínseco de sua missão. No contexto das culturas yorubas, a ideia de que cada ser humano pertence a uma comunidade no céu é fundamental. Assim, nossa jornada na Terra se torna uma busca pela dualidade e pelo equilíbrio entre o EU e o NÓS, que se inicia na fecundação, onde as energias masculina e feminina se entrelaçam, carregando consigo toda a ancestralidade de ambas as linhagens. Nos últimos anos, a crescente presença de "abikús" tem gerado discussões e, lamentavelmente, uma banalização do tema. Questões como a depressão têm sido equivocadamente associadas a essa experiência, o que revela a necessidade de um olhar mais atento e respeitoso sobre esse fenômeno espiritual. É crucial que não tratemos o abikú como uma mera curiosidade, mas sim como um mistério que exige investigação e compreensão. Como nos ensina o renomado autor e estudioso das culturas africanas, “[...] a vida é um entrelaçar de histórias e memórias que nos conectam a nossos antepassados e ao futuro que estamos construindo.” Portanto, o que construímos em nossa passagem por aqui, independentemente do tempo, é a marca que deixamos para as gerações futuras e para a ancestralidade que estamos formando. É essencial que, em vez de nos focarmos apenas nas dores que carregamos, também nos atentemos ao que desejamos deixar como legado neste mundo. O estudo sobre o abikú é uma jornada que continuará, e a cada nova descoberta, estarei aqui para compartilhar com vocês. Até amanhã, queridos elefantinhos! Que possamos sempre buscar a luz e o conhecimento em nossas caminhadas espirituais.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Generosidade Espiritual - Oninurere

Generosidade: Uma Luz no Caminho Espiritual A generosidade é uma virtude que se manifesta na disposição de compartilhar por bondade. Sua origem indo-europeia, que significa "gerar" ou "fazer nascer", revela a profundidade desse conceito. No contexto espiritual, a generosidade é a capacidade de dividir conhecimento e experiências, iluminando o caminho dos outros. Ao acolher os iyáwò (iniciados no mistério do orisá), destacamos que eles se tornam fontes de luz. Isso significa que representam o orisá, trazendo à vida o despertar da divindade no tempo presente. Embora a identidade visual, o dialeto e o comportamento se mantenham enraizados na ancestralidade, essa herança deve ser interpretada à luz do que cada um carrega dentro de si, visando promover transformações positivas em sua vida e na comunidade. Se nossos ancestrais não tivessem sido generosos, o conhecimento sobre suas divindades não teria sido compartilhado, e talvez não tivéssemos o candomblé, nem a riqueza cultural que ele nos legou. Esse legado é continuamente reinterpretado, preservando a essência de humildade, respeito e sabedoria. Infelizmente, é comum observar pessoas mais velhas nas comunidades de candomblé retendo conhecimento, acreditando que compartilhar implica em perda. Na realidade, a partilha fortalece o grupo (ègbé) e beneficia a todos. Também existem aqueles que, por boa vontade, falam sem segurança, o que pode prejudicar o aprendizado. Portanto, é crucial encontrar um equilíbrio e transmitir apenas o que se sabe com certeza. Não permita que questões pessoais interfiram em sua espiritualidade. O fato de não se relacionar bem com alguém não deve impedi-lo de compartilhar o que aprendeu. Há um motivo para que vocês compartilhem esse caminho espiritual. Cultive a empatia por quem está aprendendo. Apesar das dificuldades enfrentadas para adquirir conhecimento, não use isso como desculpa para não ensinar. Faça seu sacrifício valer a pena, ajude seu irmão a trilhar seu próprio caminho, e assim todos poderão evoluir em busca de novos aprendizados. Muito asé, Bàbá Diego de Odé Bàbálorisá do Ilè Asé Ègbé Lajò – Itapevi, SP.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O que significa o orunkó


Orunkó é um termo yorubá que determina o “nome”, e não se deve confundir com a “djina” do povo da nação do Angola, pois são tradições diferentes. 

O orunkó é o nome do orisá para a grande maioria das casas, mas durante esses anos eu observei que ele é muito mais do que isso e vou dividir com vocês a minha visão.


O orunkó, na minha opinião, é o encontro do nosso eledá (destino) com o orisá, é a luz que iluminará a nossa existência a partir daquele momento e o seu significado rompe maldições, dando ao iniciado (iyáwò) uma nova direção. 


Percebi que os nascidos com orunkó finalizado em ayó (abundância) precisam buscar felicidade em tudo que fazem, já os finalizado com omi (água) tem como desafio a adaptação e emoção, assim como os finalizados em lewà (beleza) precisaram enxergar a vida com beleza e encantamento para que os caminhos se abram.


O “nome do iyáwò” é feito em sua maioria em rituais fechados, apenas com a família de santo e convidados e o “padrinho de orunkó”, que é a pessoa que vai “tirar o nome” como falamos, é de grande importância na vida no neófito e a testemunha daquela iniciação. 


Não costumamos divulgar esse nome (orunkó) antes da obrigação de sete anos (odún èje) do filho, pois ele ainda está em processo de “feitura”, afinal até lá, ele é apenas iniciado, mas após esse processo não há mal em um irmão saber o orunkó do outro assim como a sociedade como um todo.  Existe toda uma mística que quem conhece seu nome pode fazer algo de mal para você, mas eu acredito que tudo que compõe o mistério do seu orisá como “qualidade”, comida específica, visões, entre outros não podem ser citadas conversas informais ou banalizadas.  


Eu sempre tomo muito cuidado em falar sobre rituais, pois cada casa tem sua maneira de enxergar, mas o orunkó é a nossa marca nessa terra e um dia, conforme nosso merecimento ser torna um esá (honra). O que é comum é que, esse é o dia do nosso batismo dentro do asé e que esse nome é imutável, a não ser nos casos de mudança de nação de candomblé. 


Uma excelente semana,

Bàbá Diego de Odé 

(11) 4141-0167

sábado, 21 de agosto de 2021

7 Sinais que você está preparado para ser um ègbón

Ser um “mais velho” no candomblé implica em uma série de responsabilidades e posturas condizentes com os anos de aprendizado e dedicação que levam um iyáwò a ser de fato uma pessoa “feita no santo”, como popularmente falamos.


Eu listei sete sinais importantes de maturidade espiritual, pontos esses que podem e serão desenvolvidos sempre dentro da vida de candomblé. 


1 - Ninguém precisa te cobrar. 

Você tem responsabilidade, sabe seu lugar e o que pode ou não fazer dentro do Asé, sem que para isso alguém precise te cobrar.


2 - Respeita e orienta seu mais novo. 

Não é preciso tomar obrigação de sete anos (odún èje) para contribuir com a vida do seu àbúrò.


3 - Saber a hora certa de perguntar. 

Faz parte do amadurecimento espiritual saber a hora certa de cada coisa, inclusive de tirar suas dúvidas ou questionamentos.


4 - Não avalia os irmãos pelo que são fora da casa. 

Um bom “vodussi” não exerce julgamentos dentro da roça sobre a vida do alheio, pois sabe que o que importa é o que ele é como omo-orisá.


5 - Preza pela paz. 

Uma pessoa que se envolve constantemente em confusões e fofocas certamente não está pronto para ser um mais velho, pois se quando era “criança” já causava, imagine só agora como “adulto”. 


6 - Hierarquia.

Entende que a hierarquia existe para organizar e não para ser arma de humilhação. 


7 - Busca aprender. Conhecer e estudar não ajuda apenas a você, mas também no preparo para que você auxilie seu bàbálorisá ou iyálorisá nos ritos dentro e fora do Asé, saber um orin-ewè (sassanhe), orin-ori (cantiga de bori), responder um àdúrà é muito importe. Para isso conte também com seus mais velhos.


Ẹ káàró! E muito Asé.


#candomblé #seteanos #babadiegodeode

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Quando devemos mudar de “Asé”?

Esse é um dilema que muita gente passa, principalmente com o número de casas de candomblé aumentando exponencialmente, e as dúvidas são sempre as mesmas, como e quando é a hora de começar uma nova história?


Em primeiro lugar nunca devemos ver essas mudanças com naturalidade, pois envolve laços familiares e ancestrais. Precisamos entender que, você sempre pertencerá ao lugar onde foi iniciado, independente para onde você siga.


Obviamente não é sempre escolha do filho, há casas que após falecimento do zelador (a) fecha, problemas de convivência e as mudanças que podem ocorrer nesse percurso.


Em primeiro lugar se pergunte: Qual foi a minha motivação para fazer parte dessa casa de orisá? O que eu busco como religião e qual a motivação em continuar? 


Depois faça uma reflexão sobre os valores, se o ambiente é saudável, se você está conseguindo se desenvolver e seja sempre transparente com quem cuida de você não se isentando das suas responsabilidades com o Asé, pois não adianta ser um filho que não participa, não ajuda, não assume o compromisso com a casa e querer apontar o que está ou não certo. 


Acima de tudo tenha bom senso, gratidão e priorize o orisá. Deixe seu ego de lado e nunca se esqueça que há um propósito para todas as coisas, inclusive para nascer para o orisá. 


Com as bençãos de Oxóssi, ótima quinta-feira ! 🏹🙏🏻💙

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

10 coisas que você precisa saber antes de se iniciar no candomblé


1 – É um laço eterno com a ancestralidade. A partir do momento que você é iniciado terá a responsabilidade de honrar com o seu juramento, tanto com o céu, quanto com a terra.


2 – Acreditamos no Ori (cabeça, guardião, inteligência). Durante seu desenvolvimento como omo-orisá uma das dicas mais importantes é aprender a separar o “eu” do orisá, ambos vivem juntos, porém o “eu” protege sempre o agora, o imediato e o orisá preserva a sua evolução a longo prazo.


3 – Você ganhará uma nova identidade. Independente da cor da sua pele, você deve conhecer no mínimo a história do seu povo africano. 


4 – Hierarquia é a base da nossa religião. Portanto você vai precisar de longos anos ouvindo e aprendendo para levantar e ensinar.


5 – Nem todos vão concordar com a sua decisão. Por uma questão histórica, o candomblé é visto por muitos como uma religião marginalizada e até confundida com satanismo e outras ordens que não tem nada a ver com o que pregamos.


6 – Existe preceito. Por isso é importante saber quais são os interditos antes de se iniciar. 


7 – Não existe teoria sem prática. Você pode ler mil livros que trate de candomblé, mas por essência, nossa fé é para ser sentida. 


8 – Você ganha uma nova família. Esse pode ser um dos maiores desafios de um iniciado no candomblé, pois conflitos de personalidade, afinidades e tudo que compõe o comportamento humano faz parte do nosso cotidiano. 


9 – Orisá é caminho. Um filho do candomblé terá a sua vida transformada e, muitas vezes, pelo caos. Isso acontece também pela nossa herança ancestral, somos descendentes de homens e mulheres fortes e resistentes que enfrentaram a vida de cabeça erguida. 


10 – Reclamação é o maior “contra-asé”. Se você acredita no que você carrega e no que foi despertado na sua vida, tem que ter a confiança de que tudo que acontece ou vai acontecer faz parte do seu desenvolvimento e evolução. Murmurar é um sinal de falta de fé e confiança.

Salve, salve, queridos leitores! Neste último xirê Egbá, a emoção foi palpável ao celebrarmos os 49 anos de fundação do Ilê Axé Egbé L...